Débora Rubin
debora.rubin@anba.com.br
São Paulo – Quando exportou 48 mil garrafas no ano de 2003, a vinícola Miolo já pensava grande em relação às vendas externas. Só não sabia que em apenas cinco anos chegaria tão longe. Apenas no primeiro semestre de 2007, foram vendidas mais de 233 mil garrafas – a expectativa é de fechar o ano com 560 mil. Para se ter uma idéia, o volume exportado no primeiro semestre é 256,8% a mais que o mesmo período de 2006.
A Miolo, que na verdade até mudou de nome mirando o mercado externo (hoje se chama Miolo Wine Group), se configura como uma das maiores exportadoras de vinho brasileiro. O grupo gaúcho vende para 20 países, incluindo os Emirados Árabes Unidos. Em 2006, faturou US$ 649 mil com vendas externas, 7% do faturamento total. Naquele primeiro e distante ano de 2003 era apenas 1%.
Morgana Miolo, gerente de relações internacionais da empresa, credita boa parte desse sucesso a um projeto traçado ainda em 2002. “Elaboramos um criterioso planejamento estratégico”, diz ela. “Investimos em qualidade, vinhedos, instalações industriais e contratamos o renomado enólogo francês Michel Roland.” A parceria com o francês continua rendendo bons frutos – e vinhos. O Quinta do Seival e o Cuvée Giuseppe foram dois dos primeiros produtos elaborados a partir da consultoria de Roland.
Outra etapa desse planejamento se concretizou ao longo dos últimos anos, quando a empresa estabeleceu parcerias com vinícolas brasileiras e estrangeiras, como a chilena Via Wine e a espanhola Osborne, visando não só a troca de conhecimento na elaboração dos vinhos, mas também novos canais de comercialização.
Somou-se a essa estratégia da empresa, o desejo do setor vinícola como um todo querer exportar. Como o vinho brasileiro era – e ainda é – desconhecido lá fora, um grupo de produtores se juntou à Agência de Promoção das Exportações e Investimento do Brasil (Apex) em 2002 e criou o selo Wines From Brazil. Hoje, 20 vinícolas – todas gaúchas – fazem parte do projeto.
Para ajudar a vender a bebida em mercados tradicionais, a Wines From Brazil aposta na imagem “exótica” que o vinho brasileiro tem. A idéia é conquistar o apreciador de vinho que está sempre em busca de novidades. A Miolo responde por 67% das exportações da Wines From Brazil.
Os Estados Unidos são o principal mercado para a Miolo. “Estamos presentes em 30 estados americanos”, comemora Morgana. Mas países como Inglaterra, Alemanha e República Tcheca também estão entre os mercados com maior crescimento de vendas para a empresa. Os dois vinhos mais exportados do grupo são o Reserva Merlot e o Oveja Negra Tempranillo/Touriga.
Público exigente
O esforço para exportar é intenso. Inclui divulgação em revistas do ramo, como a americana Wine Spectator, convite de jornalistas internacionais para conhecer os projetos da Miolo (no Sul e também no Vale do São Francisco, na Bahia) e, claro, degustações e participações em feiras internacionais.
Além de ganhar mercado em diversos países, essa estratégia acaba atraindo também um público para lá de exigente: o brasileiro. Ainda receosos da qualidade do vinho nacional, os brasileiros continuam preferindo os importados. “O consumo de vinhos no Brasil é de aproximadamente 75% de importados e 25% de nacionais”, diz Morgana.
Mas isso vem mudando – principalmente a partir das conquistas do vinho nacional pelo mundo. “Os vinhos brasileiros já levaram centenas de medalhas de ouro em concursos importantes no exterior, onde as degustações são feitas às cegas, o jurado não sabe a procedência do vinho”, lembra Morgana. “E há importantes personalidades no mundo dos vinhos recomendando os brasileiros, como Jancis Robinson, da Inglaterra."
Contato
Miolo Wine Group
Site: www.miolo.com.br