Isaura Daniel
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São Paulo – Os quadros pintados pela artista plástica Kakau Höfke, do Rio de Janeiro, chamam a atenção pela beleza da mistura das cores, do sombreado, dos grafismos. Não há figuras humanas ou paisagens neles. No máximo retângulos, linhas divisórias, um traço solto. Kakau tem 39 anos. Pinta de brincadeira desde criança. Mas começou a pintar profissionalmente em 1997, só depois que viu muitos museus, conheceu locais culturais e cidades históricas mundo afora. Fazem parte da lista de locais onde buscou as informações que contribuíram para a sua arte o milenar Egito, a Tunísia e o Marrocos. Na cidade marroquina de Al Hoceima a artista deu aulas de pintura e confecção de bijuteria.
"Quando a gente viaja, tudo é informação. Usando ou não (as informações na arte) elas fazem parte do seu conhecimento, influenciam sua história", diz Kakau. A carioca foi para o Egito quando tinha 18 anos. A viagem foi o presente que pediu ao seu pai pelo aniversário. "Eu sonhava em conhecer o Egito desde pequena", diz. Entre as lembranças ainda estão momentos como a visita a Luxor e o passeio no Nilo de barco. "Tive muita informação gráfica, lembro dos cheiros, das cores, eu adorava passear nos mercados", diz. Kakau esteve depois na Tunísia, em um intervalo da faculdade que cursava, Design Gráfico na Parsons School of Design, em Paris, e no Marrocos assim que teve o diploma em mãos.
A artista passou quatro meses dando aulas de pintura sobre seda no Club Méditerrannée, no Marrocos. As aulas eram dadas a estrangeiros que se hospedavam no clube. Os marroquinos com os quais Kakau conviveu foram principalmente os que trabalhavam no local. A carioca se inscreveu para trabalhar no clube quando ainda morava em Paris e foi selecionada para ir para o Marrocos trabalhar no ateliê de artes aplicadas. O curso era oferecido a hóspedes do clube. O Club Méditerrannée, de origem francesa, é formado por complexos de lazer, de alto luxo, espalhados por diversas partes do mundo.
Kakau teve desde pequena uma vida itinerante. Ainda quando adolescente se mudou com a família para Genebra, na Suíça, onde viveu por dois anos e completou o ensino médio. "Lá eu já tive muito contato com árabes porque estudei em uma escola internacional." Durante a faculdade, na França, a brasileira também conviveu com árabes, principalmente libaneses. Depois da estadia no Marrocos, Kakau ainda morou por algum tempo em Portugal antes de retornar ao Brasil, onde atuou em escritórios de design gráfico e agências de publicidade. Em 1997, cansada de trabalhar com computação gráfica, ela deu um basta. "Eu falei: quero voltar a trabalhar com as mãos", conta.
Foi aí que Kakau começou a pintar profissionalmente. A artista pinta com acrílico e fez seis exposições no Brasil. Ela vende os seus quadros no país e também no exterior, desde uma galeria na Inglaterra, e para estrangeiros em passagem pelo Rio de Janeiro. A arte de Kakau já está em países como Chile, Austrália, Inglaterra e Portugal. Kakau também continua atuando como designer gráfica de forma autônoma, fazendo conteúdo gráfico para telefonia celular. "O meu trabalho em pintura tem uma influência gráfica muito grande em função da minha formação", explica.
Contato
Kakau Höfke
E-mail: kakahofke@terra.com.br
Site: www.kakauhofke.com