São Paulo – Tinha até faixa de recepção escrita em árabe por um grupo vindo de Curitiba. Tinha gente emocionada, querendo de todas as maneiras apertar a mão do presidente da sua pátria mãe, tinha mulheres com muito brilho e homens bem vestidos escutando atentos as palavras de Bashar Al-Assad, o presidente da Síria. E todos ouviram Bashar dizer que desempenham um papel importante na relação com a pátria mãe, que não há ponte mais forte entre duas nações do que a humana.
Esse foi o clima da recepção que a comunidade síria no Brasil preparou para o presidente Bashar nesta quarta-feira (30), no Clube Homs. O líder sírio, que está em visita oficial ao Brasil, falava e era aplaudido. A maioria dos presentes não esperava nem a tradução simultânea. Afinal, ele falava em “árabe”, o idioma senão de cada um ali, pelo menos dos seus pais e avós. Em seu discurso diante da colônia, Bashar destacou a importância dos descendentes nas relações da Síria com o Brasil.
“A distância é grande, mas a coletividade nos aproxima”, disse Bashar. O presidente afirmou que ao chegar ao Brasil entendeu o que atrai os sírios. Segundo ele, um dos motivos que fazem os sírios “pertencerem” ao Brasil é a característica do povo, muito parecida, segundo Bashar, com a do povo sírio, aberto e hospitaleiro. “Continuem fiel à sua pátria mãe e a esta pátria”, disse Bashar, lembrando que o Brasil abriu as portas aos sírios, no século 19, independente de etnia e religião.
O presidente sírio demonstrou, no entanto, preocupação para que as próximas gerações mantenham estes laços com a pátria mãe e sugeriu a criação de uma escola de árabe. Ele inclusive ofereceu a um projeto deste apoio do governo da Síria.
Bashar ressaltou a importância do presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste processo de aproximação da Síria e do mundo árabe com o Brasil. E disse que passou a “pensar seriamente” no continente americano e no Brasil após a visita de Lula à Síria. “As nossas relações são fortes, mas nunca alcançou um nível como agora durante o governo de Lula”, afirmou o presidente sírio.
Ele afirmou, no entanto, que não viu coisas concretas acontecerem nas relações das duas regiões após as cúpulas e acordos assinados. E disse que falou sobre isso em seu encontro em Brasília, nesta quarta-feira, com o presidente brasileiro. “As idéias são boas, mas têm que ser efetivadas. Acordos e cúpulas são importantes, mas não criam relações reais”, disse Bashar. A relação do Brasil e a Síria deve acontecer, segundo ele, por meio da coletividade. E chamou a colônia a visitar mais a Síria e aprender o árabe.
Bashar foi recebido pelo presidente do Clube Homs, Fuad Antacli, que também falou sobre os laços familiares com a Síria. “Desde pequenos aprendemos a amar e a respeitar a terra de nossos antepassados. Nossos pais e avôs com certeza gostariam de estar aqui presentes nesta homenagem ao presidente Bashar”, disse Antacli. Assim como ele, havia outros presentes felizes por conhecer de perto o presidente da sua terra de origem. A tradutora Catherine Chahinian, que nasceu em Aleppo, era uma delas. “É uma oportunidade única de o acompanhar de perto. Eu torço pelo país (Síria)”, disse.
O comerciante Ricardo João Chamie também estava entre os presentes. Filho de pai de Damasco e mãe de Homs, ele elogiou a atitude de Bashar, de visitar o Brasil. “A comunidade árabe no Brasil e em São Paulo é muito grande. A visita é bem merecida”, disse. Também estavam entre os presentes integrantes da colônia de outras cidades, como os representantes da Sociedade Beneficente Sírio-Libanesa de Piracicaba, interior paulista. O grupo veio com dez pessoas.
Também participaram da homenagem no Clube Homs integrantes da diretoria da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, como o presidente Salim Schahin, o vice-presidente de Marketing, Rubens Hannoun, os diretores Bechara Ibrahim e
Sami Roumieh, entre outros, além do secretário-geral Michel Alaby.