Rio Branco – Entre fatos e lendas, o Acre vai traçando uma nova trajetória na busca pelo desenvolvimento sustentável do turismo local. O estado aposta na cultura do povo acreano e na farta oferta de recursos naturais para chamar atenção do Brasil e do mundo.
A história do Acre é a história da exploração da borracha, iniciada com a migração de nordestinos no final do século XIX. É também a história dos indígenas que, até então, habitavam a região. A luta de seringueiros, que tem como ícone a figura do sindicalista Chico Mendes, e a cultura de mais de 14 nações indígenas ali instaladas são a matéria prima dos roteiros turísticos do estado.
Hoje, o Acre recebe cerca de 200 mil turistas por ano e, segundo o secretário de Turismo, Cassiano Marques, os esforços do governo local são no sentido de “inserir o estado no contexto do turismo nacional e internacional”.
A capital acreana é um dos 65 destinos indutores do desenvolvimento regional, que são prioridade nos investimentos do Ministério do Turismo. De 2003 a 2008, o MTur aplicou R$ 6,8 milhões em projetos de infraestrutura e qualificação profissional em todo o estado.
A pousada Ecológica Seringal Cachoeira, localizada em Xapuri, é um exemplo bem sucedido de Parceria Público Comunitária (PPC). O governo do Acre construiu, capacitou mão-de-obra e passou a administração do local para a associação dos seringueiros da Reserva Extrativista. O empreendimento, réplica de uma casa seringueira, emprega 30 pessoas e registra faturamento de R$ 25 mil a R$ 45 mil mensais, dependendo da estação.
O forte da pousada é o Ecoturismo com incursões pela selva amazônica, que a circunda. O turista assiste a demonstrações de extração do látex das seringueiras e pode abraçar árvores centenárias, como uma Sumauma de 500 anos. O guia Nilson Mendes, um contador de histórias, sabe tudo sobre a mata: serventia das plantas, nome científico e popular das espécies, os hábitos dos animais e até os encantos dos espíritos que ali habitam.
Artesanato
O artesanato acreano também está sendo revisitado com a capacitação dos artesãos. A idéia é resgatar a identidade cultural do povo, trazendo componentes da flora amazônica — sementes, palhas, frutos e aromas — para as peças. “Estamos transmitindo nossa cultura para o artesanato e, com isso, agregando valor aos produtos”, explica o presidente da Casa do Artesão, Carlos Taborga, premiado com o Top 100 do Sebrae pela confecção de velas aromáticas feitas no ouriço da castanha (ontem do Pará, hoje do Brasil).