São Paulo – Pela primeira vez no Brasil, a seleção feminina de handebol da Tunísia veio ao país para disputar o campeonato mundial da categoria. Para elas, o título já não é mais possível, considerando os resultados dos três primeiros jogos da equipe. Mesmo assim, as 16 meninas que compõem o grupo não perdem o entusiasmo pelo esporte, que escolherem desde muito jovens e que pretendem seguir mesmo quando não puderem mais ser atletas.
Sihem Aouini, de 29 anos, começou a jogar aos nove, inspirada pela irmã mais velha. A irmã deixou o esporte, mas Sihem seguiu em frente. Em 1997, já estava na seleção nacional. Ela conta que recebeu aprovação de seus pais e que, em seu país, o apoio ao esporte feminino vem crescendo nos últimos anos.
"Antes havia poucas meninas que jogavam, mas o esporte feminino começou a dar resultado em várias modalidades e ganhou apoio [da sociedade]", revela. Sihem morou cinco anos na Espanha, onde passou por três diferentes clubes. Em outubro, voltou à Tunísia para cuidar de sua mãe, que está com problemas de saúde. "Desde então, estou treinando com a seleção. Depois [do mundial], vou ver se fico para a Copa da África e, então, procurar um clube para jogar". O campeonato africano acontece de 11 a 21 de janeiro do próximo ano.
Grande parte das jogadoras de handebol da Tunísia joga em clubes europeus, o que dificulta um entrosamento maior entre a equipe durante os campeonatos internacionais. "Tenho problemas de comunicação com as jogadoras porque passamos pouco tempo juntos, às vezes uma semana, às vezes três dias", relata o técnico Muhammad Ali Sghir. Países como França, Dinamarca e Noruega são os principais destinos das jogadoras tunisianas.
"Com muitas jogadoras indo para fora da Tunísia, a federação [tunisiana de handebol] está começando a dar mais apoio para que as atletas fiquem no país", relata o técnico. Mesmo assim, ele ainda encontra dificuldades em reunir suas jogadoras, já que depende da liberação dos clubes europeus nos quais elas atuam. Antes de começar a carreira de técnico, em 1990, Sghir foi jogador profissional durante dez anos.
Do grupo que está em São Paulo, oito meninas jogam na Tunísia e o restante na Europa. Para o mundial, elas estão juntas há apenas três semanas. Na preparação para o campeonato, a rotina delas inclui quatro horas diárias de treino, as quais são reduzidas para cerca de uma hora no período de realização dos jogos.
Raja Taoumi, de 33 anos, é a capitã do time. Começou a jogar com 15 anos, quando ainda estava no colégio. Depois, foi jogar em um time de sua cidade, na verdade, da ilha em que nasceu. Aos 26 anos, após concluir o ensino superior em Educação Física, foi jogar em um clube profissional da Noruega, onde mora até hoje. "Meu sonho é subir ao pódio e levantar a taça de campeã da África. Quando encerrar a carreira de atleta, quero ser treinadora da seleção tunisiana", conta.
Jihene Ben Cheikh, de 25 anos, começou a praticar handebol no colégio aos 16 anos. Em 2003 já estava na seleção. "Desde pequena já gostava do esporte. Na escola, quando tinha que escolher entre jogar vôlei, basquete ou outro esporte, sempre preferi o handebol", diz. Ela também conta que está se formando em Esportes na universidade. "No futuro quero ser treinadora, dar aula em colégios para crianças".
O último jogo da primeira fase da equipe tunisiana pelo campeonato mundial seria na sexta-feira (09), dia em que foi realizada esta reportagem, justamente contra o Brasil. Com a impossibilidade de ganhar o torneio, a expectativa era para as próximas partidas, que definiriam a classificação final da equipe no torneio.