Da redação
São Paulo – O Brasil poderá iniciar as vendas de carne in natura para os Estados Unidos ainda este ano, informou hoje o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Amauri Dimarzio, após encerrar a primeira reunião do Comitê Consultivo de Agricultura Brasil-Estados Unidos (CCA).
Segundo Dimarzio, até maio os EUA devem aprovar os requisitos sanitários para importação da carne bovina brasileira, com a finalização da avaliação quantitativa de risco. “O Comitê vai acelerar o andamento de vários temas que envolvem o comércio bilateral, inclusive a exportação de carne in natura”, afirmou o secretário, ao lado do administrador do Serviço de Agricultura Exterior do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Kenneth Roberts.
Além de iniciar as vendas carne bovina, o Brasil também quer ampliar as exportações de frutas para o mercado norte-americano. Para isso, o Ministério propõe análise de risco de pragas e requisitos de importação para mamão, manga e limão. Há interesse também em abrir aquele mercado para melão, melancia, abóbora, figo, carambola, romã e batata-doce roxa, informou nota do Ministério.
Técnicos do Ministério e do USDA estiveram reunidos em Brasília desde segunda-feira (15/03) para elaborar propostas de interesse comum envolvendo as áreas sanitária e zoosanitária, fitossaniatária, capacitação técnica e comércio. A partir do encontro, Brasil e Estados Unidos manifestaram intenção de harmonizar requisitos sanitários de produtos agrícolas os quais os dois países são grandes fornecedores mundiais, como suco de laranja.
Um acordo assinado entre os dois países prevê a padronização do produto. Pelo documento, Brasil e Estados Unidos desejam atingir consenso com relação ao valor apropriado do grau Brix (teor de açúcar natural da fruta) do suco de laranja. O tema será discutido em outubro, durante reunião da Força Tarefa Intergovernamental do Codex Alimentarius sobre Sucos de Frutas. O Codex é ligado à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Biocombustível
Segundo Dimarzio, Brasil e Estados Unidos, maiores produtores e consumidores de etanol, também podem estabelecer especificações semelhantes para facilitar o intercâmbio comercial do biocombustível. “O Japão, por exemplo, fechou com os Estados Unidos a compra de etanol, mas se, por acaso, houver uma escassez do produto e o Japão só aceitar os padrões do etanol norte-americano nós teríamos dificuldades para exportar”, salientou Dimarzio. A idéia e consolidar o etanol como commodity internacional, fixando estratégia conjunta para vender o produto para outros mercados.
Kenneth Roberts, disse que a partir da criação do Comitê, o Brasil e os Estados Unidos devem mudar suas relações comerciais transformando intimidação e preocupação em cooperação. “Devemos trabalhar para estar do mesmo lado da mesa de negociação nos fóruns internacionais”, disse Roberts.
A próxima reunião do CCA deverá ocorrer dentro de um ano. Mas em seis meses os técnicos farão um inventário do que foi realizado no período. O Comitê é resultado de uma iniciativa dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e dos Estados Unidos, George W. Bush, durante encontro em Washington em junho de 2003. Na ocasião, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e a secretária de Agricultura dos Estados Unidos, Ann Veneman, firmaram acordo criando o CCA.