São Paulo – O Brasil doou US$ 2,375 milhões para um novo projeto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Pelo programa “Compras para o progresso da África”, a FAO e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) vão ajudar pequenos agricultores africanos a desenvolver suas plantações e vender a produção.
O dinheiro doado irá beneficiar cinco países e será usado nos moldes do Programa de Aquisição de Alimentos do governo brasileiro. A proposta é que o PMA compre dos pequenos produtores e doe os mantimentos a famílias pobres e escolas. Desde janeiro a FAO é dirigida por José Graziano, ex-ministro de área de combate à fome do Brasil.
Do total doado, US$ 1,55 milhão será utilizado para que pequenos agricultores de Moçambique, Senegal, Etiópia, Malauí e Níger comprem sementes, fertilizantes, aumentem a produtividade de suas lavouras, vendam seus produtos e até possam se organizar em cooperativas. Os cerca de US$ 800 mil restantes serão utilizados para comprar os produtos e distribuí-los.
De acordo com a chefe do Departamento de Cooperação Técnica da FAO para África, América Latina e Caribe, Cristina Amaral, o objetivo da doação é tirar os agricultores da pobreza e combater a fome. “Queremos que os agricultores sejam atores. Queremos que possam se associar para colocar seus produtos no mercado e que saiam da agricultura de subsistência”, diz.
O coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome no Itamaraty, Milton Rondó Filho, diz que a proposta surgiu em maio de 2010, durante um encontro promovido pelo governo brasileiro com ministros africanos. “Este projeto forma um círculo virtuoso, assim é possível fazer a máquina girar”, afirma, referindo-se ao fato de que os pequenos agricultores vão produzir e, em seguida, vender seu produto.
Rondó observa que o programa preserva os direitos humanos. “A alimentação é um direito fundamental. Quando a pessoa nasce, já tem esse direito, que deve ser protegido, garantido e provido”, destaca.
Os cinco países escolhidos foram os que manifestaram maior interesse em participar do projeto. Amaral acredita que essas nações poderão ser beneficiadas com a redução da pobreza e o fortalecimento das suas instituições. Sua agricultura poderá se beneficiar de um crescimento sustentável.
Segundo Rondó, o projeto atraiu a atenção de outros países e instituições. A Inglaterra deverá doar US$ 730 mil até o fim de março.