Isaura Daniel
São Paulo – O Brasil já manifestou posição favorável a um acordo comercial entre o Mercosul e o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), união aduaneira formada por Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Catar. As seis nações árabes pediram, em fevereiro deste ano, o início das as negociações em torno de um tratado de livre comércio com o bloco sul-americano.
O GCC ainda não recebeu uma resposta oficial do Mercosul, mas o grupo técnico brasileiro que trata da questão se manifestou favoravelmente durante uma reunião do Mercado Comum, divisão executiva do Mercosul, que ocorreu no início de julho, na Argentina.
A resposta definitiva, porém, depende do consenso entre os quatro países do bloco (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), o que, de acordo com informações da divisão da União Européia e Negociações Extra-regionais do Itamaraty, ainda não foi atingido.
De acordo com um assessor da divisão, os demais países manifestaram interesse por um acordo mais "light" em vez de um tratado de livre comércio. Entrevistado pela ANBA, o diretor de Comércio Exterior e Integração do Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, Raúl Cano Ricciardi, afirmou que o Mercosul está com pouca capacidade de negociação, em função dos vários acordos que estão sendo feitos paralelamente.
O bloco poderá ter uma posição mais definitiva sobre o GCC na reunião que ocorrerá nos dias 18 e 19 deste mês em Brasília. Neste encontro, serão discutidos justamente os acordos que o Mercosul negocia atualmente. Além do GCC, outros países árabes estão interessados em ter tratados com o bloco sul-americano.
O Egito já assinou, no início de julho, um documento que marca o início das conversas oficiais com o Mercosul por um acordo de livre comércio, que deve estar pronto entre o final deste ano e o início do próximo. Também o Marrocos pediu para começar a discutir um tratado com o grupo. Na reunião de Brasília será abordada a continuidade destes processos.
Potencial de comércio
O Egito já é um grande parceiro comercial do Brasil e importou cerca de US$ 382,8 milhões do país até julho deste ano. O Marrocos comprou US$ 213 milhões em produtos brasileiros. Os seis países do GCC adquiriram US$ 977 milhões no período.
Na região, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos possuem um fluxo comercial maior com o Brasil. Os sauditas, além de terem importado US$ 410 milhões em produtos brasileiros até julho, exportaram para o Brasil US$ 504 milhões, a maior parte em petróleo. Os Emirados Árabes compraram US$ 386 milhões do Brasil.
Os países do GCC possuem uma renda per capita média de US$ 16 mil. O Catar tem uma das rendas per capita mais altas do mundo: US$ 32 mil. Juntos, as nações do bloco somam um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 373 bilhões.