Isaura Daniel
São Paulo – O Brasil é o principal parceiro comercial da Tunísia na América do Sul. O dado, mencionado ontem pelo diretor assistente do Centro de Tunisiano de Promoção às Exportações (Cepex), Néjib Belhadj Slimane, em seminário promovido na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, reflete a proximidade e o crescimento das relações entre os dois países. A corrente de comércio Brasil-Tunísia ficou em US$ 167 milhões no ano passado.
O seminário apresentou as potencialidades do comércio entre o Brasil e a Tunísia para um grupo de cerca de 200 empresários. De acordo com o presidente da Câmara Árabe, Antonio Sarkis Jr., um dos palestrantes do encontro, as exportações do Brasil para a Tunísia cresceram 104% nos últimos cinco anos e as importações 72%. "Sempre tivemos laços profundos, de respeito mútuo e cooperação", complementou o ministro dos Assuntos Estrangeiros, Abdelwahab Abdallah, que falou no seminário.
De acordo com o ministro, no mundo o Brasil é o 17º fornecedor da Tunísia e 14º mercado para o país árabe. "Não vamos parar por aqui", afirmou Abdallah. O ministro pediu a ajuda do setor privado para fazer as relações Tunísia-Brasil crescerem. "Para a Tunísia, a diplomacia clássica não basta. Queremos basear nossas ações e relações com o exterior também na diplomacia privada", afirmou. Ele afirmou que está convencido de que se abrirão novos horizontes para parcerias promissoras entre os dois países a partir da visita ao Brasil.
O ministro também falou sobre as perspectivas da economia tunisiana. De acordo com ele, o país cresceu a uma média de 5% ao ano entre 1998 e 2005. Neste ano a Tunísia espera um Produto Interno Bruto (PIB) 5,8% maior. Segundo Abdallah, os investimentos do país em infra-estrutura, como aeroportos, estradas, portos e novas zonas industriais, ajudaram a consolidar o desenvolvimento. O ministro apresentou o seu país como um local propício para a realização de investimentos brasileiros.
Já existem na Tunísia mais de 2,7 mil companhias de capital estrangeiro ou misto (nacional e estrangeiro). A maioria destas companhias é européia. A União Européia tem um acordo de livre comércio com a Tunísia, o que permite que os produtos fabricados no país árabe sejam enviados ao bloco livres de taxas. De acordo com Slimane, do Cepex, os principais mercados externos do país são França, Itália e Alemanha.
O conselheiro do Ministério do Desenvolvimento e Cooperação Internacional da Tunísia, Fadhel Hassayoun, lembrou que atualmente a maior parte do PIB do país é baseado em indústria e serviços. "A agricultura representa apenas 12% do PIB, o que reflete a modernização da nossa economia", afirmou. A Tunísia tem atualmente seis portos, sete aeroportos, dez parques tecnológicos e duas zonas francas.
As lideranças presentes no seminário frisaram a importância dos trabalhos da Comissão Mista Brasil-Tunísia, que esteve reunida nesta semana em Brasília, e do Conselho Empresarial Brasil-Tunísia, que também teve um encontro no último mês de novembro em Túnis, para o crescimento das relações dos dois países. "O Conselho Empresarial teve papel preponderante no desenvolvimento dos laços entre os dois países", disse o encarregado do Departamento de Relações Internacionais com as Américas, Ásia e Oceania, da União Tunisiana da Indústria, Comércio e Artesanato (Utica), Tarek Yakhlef.
Também participaram do seminário ontem o embaixador do Brasil em Túnis, Sérgio Telles, o embaixador da Tunísia em Brasília, Zouheir Allagui, e o vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe, Rubens Hannun, e o secretário-geral da entidade, Michel Alaby. A agenda oficial da missão tunisiana, que chegou no Brasil no início da semana, terminou ontem.