São Paulo – Após nove anos longe dos páreos, os cavalos árabes vão voltar a competir no Brasil. As primeiras competições serão promovidas a partir de setembro no Jockey Club de São Paulo e deverão ter até 40 animais, todos criados do Brasil. Para novembro está prevista a realização de um grande prêmio.
De acordo com o diretor de corridas da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Árabes (ABCCA), Paulo Jamil Saliba, houve páreos com cavalos árabes no Brasil em 1996, em 2002 e em 2004 em Curitiba, Porto Alegre e São Paulo. As corridas foram suspensas, contudo, porque os donos de animais priorizaram a criação de cavalos árabes para exposições e não para competições devido à grande demanda do mercado norte-americano.
“(Os norte-americanos) eram ótimos compradores, tanto de cavalos de Halter, prova em que se escolhem os animais mais próximos do padrão da raça, como de Performance. O mercado externo das corridas era muito pequeno, o que não despertava o interesse da maioria dos criadores, que afinal, estavam criando para outra finalidade”, diz Saliba.
“Agora existe um impulso para promover competições da raça. Os cavalos árabes correm no mundo todo, com apostas altas, com patrocínios dos sheiks. Hoje, eles competem em 17 países”, disse Saliba. Há competições de cavalos árabes, entre outros, nos Estados Unidos, França, Austrália, Emirados Árabes Unidos e Catar. Em 2012 foram realizados 472 páreos de puros-sangues árabes, que geraram mais de sete milhões de euros em prêmio. “É um mercado em crescimento e o Brasil tem tudo para gradativamente conquistar o seu espaço no cenário mundial”, afirma Saliba.
O puro-sangue árabe é considerado o mais antigo do mundo, ao lado da raça Akhal Teke,do Turcomenistão. Os primeiros registros da raça datam do século 16 a.c. Nos séculos 17 e 18 os animais da raça foram utilizados para melhoramento dos cavalos ingleses. Segundo Saliba, esse animal tem como principais características ter “sangue quente”, ser corajoso, atento, rápido e resistente. “Podem ser montados por muitas horas a galope e têm ótima capacidade de recuperação com pequenos períodos de descanso”, explica Saliba, que também é conselheiro da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e criador da raça.
Jockey SP em nova fase
Saliba acredita que as competições de cavalos árabes poderão ser beneficiadas pela nova fase do Jockey Club de São Paulo, que renegocia dívidas e está aperfeiçoando o sistema de apostas. O volume total gerado pelas disputas deverá crescer dos atuais R$ 100 milhões por ano para R$ 400 milhões. Ainda de acordo com Saliba, as corridas serão transmitidas pela Band Sports. “Coincidiu de pegarmos o bom momento do Jockey, com previsão de mais visualização e mais comercialização. É um mercado novo e podemos ter bons resultados”, diz. Os páreos serão realizados em grama ou areia em distâncias de 1.200 metros e dois mil metros.
Saliba acredita que a volta das raças às competições poderá fazer crescer a quantidade de leilões de cavalos árabes no Brasil e criar mercado de venda do potro, em leilões e para esportes como Enduro (de corridas de longa distância), Tambor (em que é preciso contornar tambores em um circuito), Team Penning (em que o cavalo é utilizado para separar gado em rebanho) e Hipismo (em que animal e homem precisam vencer obstáculos).
Leilão de cavalos
No sábado (6) será realizado no Mato Grosso do Sul o Festival Internacional de Enduro e o Leilão Haras Engenho, com cavalos árabes. A largada do enduro será às 6h e o leilão está previsto para as 14h. O leilão terá lances para 20 animais, dos quais 17 são fêmeas e três são machos, dois óvulos e um embrião. O Haras fica em Maracaju, a 134 quilômetros de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.