Agência Brasil
Rio – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou hoje (4), após a reunião com chanceleres dos países da América do Sul, que as negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) são fundamentais e prioritárias para o Brasil. O ministro disse que elas são mais importantes, inclusive, do que as que vão levar à criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
"Aquilo que nós mais procuramos no comércio internacional, que é a eliminação dos subsídios e das grandes distorções do comércio internacional, só acontecerão na OMC. Jamais teríamos uma solução para o caso do algodão no âmbito da Alca, ou no caso do açúcar em negociações bilaterais com a União Européia. Então, como os recursos são escassos, nós vamos ter que trabalhar nessas coisas em paralelo", afirmou.
Celso Amorim disse que o período pré-eleitoral não favoreceu a que se chegassem a detalhes no âmbito das negociações com a Alca. "Acho que agora nós temos condições de retomar essa discussão em torno da Alca. Agora, temos que retomá-la nos termos em que foi acertado por ocasião da reunião em Miami. Se nós retomarmos naquele ponto em que deixamos, eu creio que poderemos avançar rapidamente".
A proposta acertada entre os 34 países que participaram da reunião de Miami tem como premissa a idéia de que os países que aceitassem mais concessões receberiam os maiores benefícios em termos de acesso de seus produtos a mercados. O restante dos países seguiria mais lentamente, com menos obrigações e benefícios. "O acordo em Miami, ao criar duas vias, acabou por evitar um colapso total das negociações com vista á formação do bloco", explicou o ministro.
União Européia
Sobre o não fechamento do acordo com a União Européia da forma como ele estava programado, o ministro Celso Amorim disse que "é melhor nenhum acordo do que um mau acordo". Amorim disse que o tempo tido para negociar com a União Européia foi um tempo relativamente curto.
"A verdade é que até novembro do ano passado não se havia nem definido em que momento seria discutido com o bloco a questão da agricultura. O acordo tem que ser bom em sua própria substância. Você não pode apenas por uma questão de objetivo tático sacrificar a substância da sua negociação. Da mesma maneira que um bom acordo com a União Européia nos reforça nas negociações com a Alca, um mau acordo nos enfraquece", enfatizou Amorim.