São Paulo – O cenário interno do Brasil e sua participação no ambiente externo nos próximos meses será o tema da palestra “O Brasil no novo ciclo global: riscos e oportunidades”, que será feita na próxima terça-feira (09) pelo sociólogo e doutor em geografia humana Demétrio Magnoli. O evento será promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na sede da instituição, em São Paulo.
Nesta sexta-feira (05), Magnoli afirmou à ANBA que o Brasil tem o desafio de sair da crise em um contexto de pouco crescimento internacional, de baixas cotações nos preços das commodities e que deverá se prolongar. A Europa está crescendo pouco, a China está em forte desaceleração e os Estados Unidos, que são o único motor de desenvolvimento, não estão crescendo no ritmo esperado, observou.
“Isso nos traz uma vantagem no curto prazo: com os Estados Unidos ainda em pouca aceleração de crescimento e o Brexit afetando as economias europeias, a perspectiva de alta nos juros dos Estados Unidos fica adiada. Então, não teremos esse baque suplementar”, afirmou Magnoli sobre a medida que pode tirar dólares do Brasil e levar para os Estados Unidos. O Brexit é a saída do Reino Unido da União Europeia, o que irá demandar negociações e rearranjos nos acordos de comércio do país com a União Europeia.
Já o Brasil, observou Magnoli , tem expectativas menos negativas do que nos últimos meses. A atual equipe econômica está criando as bases para atrair investimento e o cenário econômico deverá melhorar, disse, após a conclusão do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, previsto para o dia 29 deste mês. Se ela não retornar ao cargo, o presidente interino, Michel Temer, e sua equipe econômica deverão adotar uma política fiscal menos flexível e expansionista nos próximos meses. O governo tem sido criticado por não cortar os gastos da forma como seria necessário.
Na avaliação de Magnoli, o governo interino se sustenta, ainda, em dois pilares. “O primeiro é o improvável retorno de Dilma e o segundo são as expectativas positivas dos agentes econômicos”, disse. Ele observou, porém, que mesmo com a provável melhora dos indicadores econômicos, a população ainda vai demorar para sentir os efeitos positivos. A inflação está em tendência de queda, porém ainda elevada e o desemprego só deverá começar a cair em 2017.
Acordos comerciais
Magnoli fez outra palestra na Câmara Árabe, em novembro de 2014. Na ocasião, ele afirmou que os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e de Dilma Rousseff priorizaram as exportações de commodities para a China em lugar dos produtos manufaturados aos Estados Unidos. Além disso, o País não aproveitou a “janela de oportunidades” para celebrar acordos internacionais.
Essa “janela”, afirmou Magnoli, está quase fechada e vai demorar a se abrir novamente. A Europa está discutindo seus problemas em razão do Brexit e os dois candidatos à presidência dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton, têm apresentado propostas protecionistas. Além disso, o Mercosul está em crise. Acordos bilaterais com os países árabes seriam positivos, mas não suficientes. “Tudo o que se fizer para reativar o comércio exterior brasileiro é positivo, e isso inclui acordos com os países árabes. Mas não seria suficiente para substituir os grandes acordos internacionais”, afirmou.
Serviço
O Brasil no novo ciclo global: riscos e oportunidades
Demétrio Magnoli
09 de agosto, às 19h
Câmara de Comércio Árabe Brasileira – Avenida Paulista, 326, 11º andar, São Paulo-SP
Grátis para associados da instituição e R$ 100 para não associados
Informações: +55 11 3147-4066 e members@ccab.org.br