Isaura Daniel
São Paulo – Uma confecção de Porto Alegre encontrou na união da arte e da moda uma forma de entrar no guarda-roupa de consumidores do mundo inteiro. A Fragole produz roupas pintadas por artistas plásticos e apesar de ter começado a exportar apenas há quatro anos, já tem seus produtos expostos em vitrines de 25 países. Os Emirados Árabes Unidos fazem parte da lista.
Da unidade fabril instalada no bairro Rio Branco, na capital gaúcha, todos os meses saem entre 10 mil e 20 mil peças de moda praia diurna e noturna, como biquínis, maiôs, cangas, shorts, bermudas, bolsas, calças, vestidos, blusas. As roupas são pintadas à mão ou então recebem bordados com adereços como conchas naturais, madrepérolas ou cristais.
O toque artesanal foi o diferencial que a Fragole encontrou para ganhar mercado dentro e fora do Brasil. "Com a globalização, os produtos passaram a ser muito similares, tudo é massificado, ao passo que nosso produto é personalíssimo", diz a sócia-gerente da empresa, Claudia Regina Tropea.
As peças recebem a assinatura dos artistas, todos com nível superior, e são exclusivas para cada comprador. "O cliente pode pedir milhares de peças, uma diferente da outra", diz. Atualmente 14 artistas trabalham para a empresa.
No ano passado, a indústria faturou US$ 200 mil com vendas externas. Em 2005 pretende aumentar a receita para US$ 300 mil. Entre os países que compram as peças da empresa estão Alemanha, Estados Unidos, Espanha, França, Portugal, Austrália, Itália, África do Sul, Rússia, Grécia, México, Panamá e Finlândia.
Os Emirados são o único país árabe que compra da Fragole. A primeira experiência de venda foi feita no ano passado. "Vendemos uma pequena quantidade, cerca de US$1,9 mil, para teste de mercado. Estamos aguardando os resultados pois, segundo o cliente informou, as mercadorias tiveram excelente aceitação", afirma Cláudia. A sócia-gerente diz que a empresa quer primeiro aguardar os resultados do negócio feito para então tentar entrar em outros países árabes.
As roupas compradas pelos Emirados são biquínis e saídas de banho. Os modelos enviados são os de modelagem européia, que são um pouco maiores do que os distribuídos no Brasil. Cláudia acredita no crescimento do mercado árabe para os produtos da Fragole. "Os árabes e os turistas que nos visitam adoram comprar produtos diferenciados para uso pessoal ou para presentear quem eles gostam", diz.
Os esforços para entrar no mercado internacional começaram há cerca de cinco anos, com a ajuda do SebraExport Moda, programa de fomento às exportações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). A primeira venda foi feita para uma lojista argentina, durante uma feira do setor têxtil em São Paulo. "Encerramos o primeiro ano de exportação com vendas de US$ 5 mil", lembra Cláudia.
A exportação responde hoje por metade da produção da Fragole. Para aumentar as vendas externas em 2005, a empresa já programou a participação em diversas feiras dentro e fora do Brasil, prospecções de mercados e participação em missões internacionais com entidades setoriais, câmaras de comércio e embaixadas, além de fomentar as vendas por parte dos seus distribuidores internacionais.
Franquia no México
Os produtos da empresa são distribuídos em cerca de 400 pontos-de-venda no Brasil, além de duas lojas próprias no litoral do Rio Grande do Sul, uma delas em Capão da Canoa e outra em Tramandaí. Há planos de iniciar uma rede internacional de franquias. As primeiras lojas devem ser abertas no litoral mexicano, de acordo com Cláudia.
A fábrica da Fragole tem cerca de 1,5 mil metros quadrados. A empresa tem 19 empregados diretos e três estagiários já que 95% da produção é terceirizada. Nos meses de pico de produção, 200 pessoas chegam a prestar serviço para a empresa. Em 2005, a companhia deve ter sua produção ampliada em 25%.