Isaura Daniel
São Paulo – Os empresários árabes que estão em missão comercial em São Paulo querem promover uma feira só de produtos brasileiros na região representada pela delegação. A idéia foi lançada ontem (15) durante encontro de sete representantes da missão com o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Elias Miguel Haddad. O vice-presidente da Fiesp se comprometeu a levar a proposta aos associados e demais diretores da entidade.
De acordo com o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Michel Alaby, a intenção dos árabes é promover a mostra em um ou dois dos cinco países representados na delegação no início do ano que vem. A idéia surgiu em conversas entre os empresários árabes e representantes da CCAB, após o grupo conhecer mais de perto os produtos das companhias brasileiras durante as rodadas de negócios realizadas segunda-feira e ontem.
Além de exposição de produtos brasileiros, que implica na viagem de uma delegação de empresários aos países, a proposta inclui a promoção de seminários para que os árabes conheçam mais de perto a economia brasileira. O chefe da missão, Thabet A. Taher, disse que a presença de empresários brasileiros nos países árabes é muito importante para que os laços comerciais entre as duas regiões sejam estreitados.
Durante o encontro na Fiesp, tanto os empresários árabes quanto o vice-presidente da entidade manifestaram a vontade reforçar o comércio entre o Brasil e os cinco países. "Nossos países estão determinados a estreitar as relações com o Brasil. Essa missão é apenas o começo", disse Taher. A delegação pediu, inclusive, que a Fiesp trabalhe junto com a CCAB pela facilitação da emissão de vistos para empresários dos países árabes representados na delegação. Haddad se comprometeu a discutir com a CCAB como a Fiesp pode colaborar nesta área.
Negócios no Brasil
De acordo Taher, a melhor forma de estreitar essas relações é a cooperação entre indústrias brasileiras e árabes. O empresário Abdul Gabbar Hayel Saeed, diretor da divisão industrial do grupo Hayel Saeed Anam (HSA), um dos maiores conglomerados industriais do Iêmen, reafirmou, na Fiesp, a procura de oportunidades para investir no agronegócio e no setor de imóveis no Brasil. Haddad colocou a entidade à disposição para ajudar no que for necessário.
Gabbar busca também aumentar o número de fornecedores de diversos produtos. O HSA pretende, por exemplo, investir US$ 200 milhões em uma nova fábrica de cimento e estuda a possibilidade de importar maquinário brasileiro. A empresa planeja também adquirir 100 caminhões novos, provavelmente da Volvo ou da Mercedes-Benz, e a compra de veículos fabricados no Brasil poderá ser analisada. Gabbar quer ainda parceiros brasileiros interessados em investir no Oriente Médio.
O vice-presidente da Fiesp fez um balanço positivo do encontro com a delegação. "Há um real desejo dos árabes de aumentar o relacionamento comercial com o Brasil", disse. De acordo com ele, o crescimento destas relações pode ser facilitado pelo ambiente de amizade que já existe entre brasileiros e árabes e descendentes que moram no país. Haddad é descendente de libaneses.
Além dos sete empresários árabes e de Alaby, participaram do encontro na Fiesp o presidente da CCAB, Antonio Sarkis Jr., e o diretor adjunto do Departamento de Comércio Exterior da Fiesp, Carlos Cavalcanti.