Isaura Daniel
São Paulo – O Distrito Federal (DF) foi a unidade da federação brasileira que mais aumentou suas exportações para os países árabes em percentual no ano passado. A receita da região com vendas para os árabes cresceu 1.767% e ficou em US$ 12 milhões. O valor ainda é pequeno no universo de US$ 4 bilhões faturados pelo Brasil no comércio com os árabes, mas representou 44,54% do total das exportações do Distrito Federal em 2004. Quase cem por cento dos embarques que partiram do DF para as nações da Liga Árabe foram de carne de frango.
O Rio Grande do Sul (RS) também se destacou no comércio com os países árabes em 2004. O estado passou do terceiro maior exportador para a região em 2003 para a segunda posição no ano passado, atrás apenas de São Paulo. Os gaúchos faturaram US$ 515 milhões com exportações para as nações da Liga Árabe, um aumento de 47% sobre o ano anterior, e ultrapassaram o Paraná, que caiu para o terceiro lugar no ranking.
"As empresas gaúchas participaram de feiras nos países árabes, contrataram tradings especializadas no comércio com a região, realmente se focaram no mercado árabe", diz o vice-presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do RS (Federasul), Roberto Pandolfo.
São Paulo foi disparado, porém, o estado que teve um relacionamento comercial mais intenso com os árabes. Os paulistanos conseguiram receita de US$ 1,6 bilhão nas vendas para região e responderam por 40% do total enviado pelo país para as nações da Liga. "São Paulo é tradicionalmente o maior exportador. Quando os árabes vêm para o Brasil, o primeiro ponto visitado é São Paulo por causa das feiras e do potencial econômico do estado", explica o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Michel Alaby.
No ranking de estados que mais exportaram para os países árabes no ano passado, depois de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná estão Minas Gerais, em quarto lugar, e Espírito Santo, em quinto. Em 2003, o Espírito Santo estava em quarto lugar e Minas em quinto. "Minas Gerais vende café para os árabes", explica Alaby.
Em percentual, depois do Distrito Federal, os estados que mais aumentaram suas vendas para a região foram Pará, Tocantins, Rondônia e Amazonas. Destes, porém, o único que teve receita superior a US$ 10 milhões com a comercialização foi o Pará, com US$ 22 milhões.
A hora de Brasília
O Distrito Federal não é um tradicional produtor e exportador, mas está aumentando sua presença no comércio internacional do país. A unidade dobrou a sua receita com vendas externas no ano passado, de US$ 14,8 milhões em 2003 para US$ 28,9 milhões. A "Só Frango", indústria de frangos comprada há cerca de um mês pela Sadia, com sede no DF, é responsável por cerca de 65% desses valores, de acordo com informações da assessoria de comunicação da empresa. A previsão da Só Frango era exportar US$ 18 milhões no ano passado.
A fábrica também responde por praticamente todas as exportações do Distrito Federal para os árabes e impulsionou o aumento das vendas da unidade para a região em 2004. A Só Frango começou a exportar em 2003. Naquele ano, porém, as vendas externas geraram apenas US$ 1,8 milhão para a companhia. Foi no ano passado que elas tomaram impulso. De acordo com informações prestadas pela empresa, a Só Frango vende para China, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Bahrein, Omã e Rússia. Antes da aquisição pela Sadia, a previsão da fábrica era faturar US$ 35 milhões com exportações em 2005.
Gaúchos
Grande parte do crescimento das exportações gaúchas para os países da Liga Árabe ocorreu devido ao bom desempenho do agronegócio e das indústrias moveleira e metal-mecânica do estado, de acordo com o vice-presidente da Federasul. O Rio Grande do Sul possui um pólo moveleiro forte, formando basicamente por pequenas e médias empresas, que vêm aumentando as suas exportações para os países árabes. "O Rio Grande do Sul também tem grandes exportadoras como Marcopolo, General Motors e Agrale", lembra Michel Alaby.
O resultado de 2004, porém, não deve se repetir neste ano, de acordo com Roberto Pandolfo. "O preço das commodities caiu e o estado está enfrentando seca", explica. A falta de chuvas já causou perdas nas lavouras gaúchas de soja e milho. Também o aumento do ICMS sobre a gasolina, álcool, energia e telecomunicações, previsto para entrar em vigor no estado no mês de abril, deve acabar afetando as exportações, de acordo com Pandolfo.