São Paulo – A Eletrobras, companhia brasileira que atua com geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, está avaliando o desenvolvimento de projetos no exterior. Os estudos mais adiantados estão no Peru, Moçambique e Nicarágua, mas também há conversas sobre possibilidades em países árabes. O chefe da Divisão de Gestão da Informação de Novos Negócios no Exterior, Antonio Augusto Gonçalves, participou de uma missão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ao Oriente Médio neste mês e recebeu uma sondagem para participação em um projeto de geração de energia elétrica no Egito.
"Todo país é mercado", afirma Gonçalves, a respeito do interesse da Eletrobras no mundo árabe. A estratégia de internacionalização da empresa engloba não apenas a criação de projetos, mas também a compra de ativos em usinas ou sistemas já em operação nas áreas de geração e transmissão. No Peru, a Eletrobras está fazendo estudos para um projeto de geração hidráulica no distrito de Inambari. Neste caso há possibilidade de trazer a energia gerada para o Brasil, o que, dentro da Eletrobras, conta pontos a favor do projeto. Já em Moçambique os estudos são para participar em sistemas de transmissão e na Nicarágua para geração.
Há ainda outros projetos sendo avaliados, mas, segundo Gonçalves, todos ainda estão em fase de estudos. Para facilitar a sua atuação fora do país, a Eletrobras já abriu, no ano passado, um escritório em Lima, no Peru. Também abriu um escritório em Montevidéu, no Uruguai, mas este tem um caráter mais institucional, já que o país sedia a Comissão de Integração Energética Regional (Cier), organismo internacional latino-americano.
Atualmente, o Brasil compra energia de alguns países, como Paraguai, em função da hidrelétrica binacional de Itaipu, da Venezuela e da Argentina. Por isso são contemplados principalmente projetos com possibilidade de compra da energia gerada. "Apesar de ter uma capacidade muito boa, o Brasil é dependente energético", diz Gonçalves. O fato, no entanto, não descarta o interesse da Eletrobras por empreendimentos em outros continentes, mesmo que, neste caso, não haja possibilidade de transmissão da energia para o Brasil. A companhia pode atuar em transmissão, porém, dentro do continente.
O começo
A Eletrobras recebeu autorização para atuar no exterior, com participação majoritária em projetos, a partir da aprovação de uma lei em abril de 2008. Antes ela só podia fazer investimentos com participação minoritária. Segundo Gonçalves, nesta iniciativa de expansão teve a vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformar a companhia em uma grande empresa, com presença internacional, a exemplo da Petrobras.
A Eletrobras é uma estatal de capital aberto e misto. Ela é controlada pelo governo brasileiro e tem 11 subsidiárias controladas, além de metade do capital da Itaipu Binacional, em nome do governo. A empresa foi criada em 1962 para atuar com geração e transmissão de energia. Nos anos 1990, porém, passou também a operar com distribuição de energia elétrica em alguns lugares do Norte e Nordeste do Brasil por determinação legal.
A Eletrobras tem capacidade para produção de 32.017 megawatts – excluindo a geração da Itaipu – e mais de 59 mil quilômetros de linhas de transmissão. Ela respondeu, em 2009, por 30% da capacidade instalada para energia elétrica no Brasil. A Itaipu – 50% que pertence ao Brasil – tem capacidade de 7 mil megawatts e responde por 7% do total. A Eletrobras teve lucro de R$ 107 milhões no ano passado, o equivalente a R$ 0,15 por ação. Os investimentos feitos, no período, foram de R$ 5,2 bilhões.