Salvador – Diplomatas árabes propuseram à petroquímica brasileira Braskem que se associe a empresas locais para ter uma unidade no Oriente Médio ou no Norte da África. A sugestão foi feita nesta quarta-feira (30) durante uma visita do Conselho de Embaixadores Árabes no Brasil à unidade da Braskem no polo petroquímico de Camaçari, na Bahia.
Dona de 36 unidades produtoras, a empresa tem plantas no Brasil, Europa, Estados Unidos e está construindo uma no México, mas não tem unidades nos países árabes. O motivo pelo qual a companhia ainda não atua na região é a dificuldade em encontrar custos baixos e grande mercado consumidor, afirmou o gerente de produção de Camaçari, Murilo Amorim.
“A região já tem grandes empresas fortes neste setor e tem também grandes parceiras, o que ainda não justifica nossa presença lá. E o mercado consumidor não é muito grande. Muitas das petroquímicas que estão no Oriente Médio e na África produzem nestas regiões e enviam para seus mercados”, disse Amorim. Ele disse, porém, que a Braskem sempre avalia a possibilidade de investir nos países árabes quando entra em um novo projeto.
O embaixador do Catar em Brasília, Mohammed Al Hayki , afirmou que companhias locais podem cooperar com eventuais investimentos da petroquímica brasileira. “É possível que a empresa se associe com uma firma do Catar e, desta forma, se busque a parceria em lugar da competição”. O embaixador do Kuwait, Ayadah Alsaidi, afirmou que as empresas do país também podem ser sócias da Braskem.
A Braskem é a maior petroquímica brasileira, com aproximadamente 70% do mercado. Da receita anual de R$ 42 bilhões, aproximadamente US$ 8 bilhões são obtidos no mercado externo. Mesmo sem ter uma unidade nos países árabes, a empresa tem relação comercial com eles. Segundo Amorim, a principal matéria-prima da Braskem é a nafta (um derivado do petróleo) e a empresa importa o produto dos países do Oriente Médio e do Norte da África.
A empresa consome cerca de quatro milhões de toneladas de nafta por ano e importa entre 30% e 35% desse total. O principal fornecedor do produto no mercado nacional é a estatal Petrobras, uma das acionistas minoritárias da Braskem, que é controlada pelo grupo Odebrecht.
Prefeito de Salvador
Além de visitar o polo petroquímico de Camaçari, os diplomatas árabes se reuniram, também nesta quarta-feira, com o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM). Eles propuseram a criação de uma casa de cultura árabe na capital baiana. Três diplomatas, de Omã, Argélia e Palestina, sugeriram que Salvador seja “cidade irmã” de seus municípios, o que permite a troca de experiências sobre projetos de administração pública.
Magalhães apoiou as duas propostas e também afirmou que gostaria de ter os países árabes como parceiros na expansão de Salvador. Ele afirmou que pretende ampliar de 2% para 18% do orçamento o total destinado a investimentos na cidade. “Estamos preparando uma agência de negócios para atrair investimentos, principalmente em turismo, indústrias não-poluentes e no setor de tecnologia”, disse.
A visita dos diplomatas árabes à Bahia é promovida pelo Conselho de Embaixadores Árabes no Brasil em parceria com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Em 2013, os diplomatas já passaram por Goiás e Rio Grande do Sul.
Para o decano dos embaixadores, o palestino Ibrahim Alzeben, os encontros desta quarta-feira foram proveitosos e poderão render resultados positivos no futuro. “Os embaixadores gostaram de se reunir com a empresa petroquímica para ver as possibilidades de intercâmbio e a chance de a empresa expandir sua presença para onde está a matéria-prima (dos produtos que ela fabrica). Com o prefeito de Salvador nós conseguimos estabelecer a parceria e abrir caminho para ter cidades irmãs, além de discutir a possibilidade de criar a Casa de Cultura Árabe”, disse Alzeben.
Na quinta-feira (31), os embaixadores participarão do fórum econômico Bahia – Países Árabes, que será realizado na Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), e se reunirão com o governador do estado, Jaques Wagner (PT). Da visita à Bahia participam o diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, os embaixadores da Palestina, Kuwait, Catar, Tunísia, Omã, Argélia, Egito, Sudão e da Liga Árabe, além dos encarregados de negócios das embaixadas da Arábia Saudita, Jordânia, Mauritânia e Marrocos, e o diplomata encarregado para o Oriente Médio no Itamaraty, Carlos Leopoldo.