Isaura Daniel
São Paulo – O dinheiro estrangeiro está começando a chegar no setor de infra-estrutura do país, como previa o governo brasileiro. Um boletim divulgado pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), com base nos dados do Banco Central (BC), aponta que 25% do capital estrangeiro que entrou no país no mês de julho, US$ 400 milhões, teve como destino a infra-estrutura.
O volume de investimentos estrangeiros diretos recebidos pelo país no mês chegou a US$ 1,6 bilhão, recorde para o mês. O valor significa US$ 400 milhões a mais do que os ingressos do mesmo mês do ano passado e mais que o dobro dos US$ 737 milhões que entraram em junho deste ano. De acordo com o economista da Global Invest, Alexandro Agostini, os números demonstram que a confiança na economia brasileira está se consolidando.
"E a perspectiva é de melhoria daqui por diante", diz Agostini. No mês de julho, os setores que mais captaram dinheiro de fora do país, de acordo com a Sobeet, foram as áreas de energia elétrica, gás e água.
Agostini lembra, porém, que de agora em diante as grandes entradas de capital estrangeiro devem ocorrer principalmente em setores exportadores ou ligados à exportação, como são os casos da indústria automobilística e da área de infra-estrutura e transportes, onde estão contabilizados portos, hidrovias e rodovias. O setor de energia também deve continuar a receber dinheiro.
"Eu destacaria os setores de aviação, energia, transportes e agricultura e pecuária", diz Agostini. As exportações brasileiras de produtos agrícolas e aviões vêm se destacando na balança comercial brasileira. "Esses setores tendem a ter mais investimentos que os demais para sustentar o aumento nas exportações", diz o economista.
A Global Invest prevê a entrada de US$ 9 bilhões em investimentos estrangeiros no país para este ano e entre US$ 13,5 bilhões e US$ 15 bilhões em 2005. A projeção do Banco Central já para este ano, porém, é bem mais ousada: US$ 12 bilhões.
Confiança
Entre janeiro e julho entraram no Brasil US$ 5,6 bilhões. O crescimento é de 19% sobre o mesmo período do ano passado. Entre os fatores que mais propiciaram a volta do capital estrangeiro no país, de acordo com o economista da Global Invest, estão a demonstração de compromisso do governo brasileiro com a austeridade fiscal e a formação de superávit e a política monetária de controle da inflação. "As taxas de juros estão mais baixas, o que ajuda na expansão da produção, e o consumo interno está em ampliação", diz.
No mês de julho, os Estados Unidos foram o país que mais investiu no Brasil, com 29% dos ingressos, seguidos dos holandeses, com 14% de participação, e dos alemães, com 2% dos investimentos diretos.
Árabes
As nações árabes ainda não constam no ranking dos maiores investidores estrangeiros no país. De acordo com o economista da Global Invest, porém, a ampliação das exportações brasileiras para a região, o que vem ocorrendo nos últimos anos, deve aproximar países árabes e Brasil e ampliar as possibilidades de investimentos mútuos. "A tendência é que se formem parcerias", diz Agostini.