Isaura Daniel
São Paulo – O Brasil deve enfrentar uma concorrência mais acirrada no mercado mundial de carnes a partir do segundo semestre. "Os Estados Unidos e a Europa vão trabalhar para retomar os seus mercados após os problemas sanitários que tiveram", disse o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) para Assuntos Internacionais, Gilman Viana Rodrigues.
Casos do mal da vaca louca foram registrados nos Estados Unidos no final do ano passado e na Europa há dois anos e meio. Os europeus também tiveram problemas com a gripe aviária em 2003. As duas regiões, porém, estão recuperando suas criações. "Eles já estão começando a fazer pressão para reconquistar seus mercados", diz Viana, que participou como painelista do 3º Congresso Brasileiro de Agribusiness, em São Paulo, na última sexta-feira (25).
Os Estados Unidos sempre foram grandes fornecedores mundiais de carne bovina. Já a Europa é tradicional na venda de frango. São justamente dois segmentos em que o Brasil cresce como exportador. No ano passado, as receitas das vendas de carne bovina brasileira no mercado internacional aumentaram 33,5% e as de frango 28%.
Para a Arábia Saudita, por exemplo, as vendas de carne de frango cresceram em 25% em 2003 em relação ao ano anterior. Para o Egito, o envio de carne bovina brasileira aumentou 60%. Até a metade do ano passado, 7% das importações de carne dos egípcios eram oriundas dos Estados Unidos. O país também importava gado vivo da Irlanda e suspendeu as compras com o aparecimento da vaca louca na Europa.
Novos mercados
O Brasil ampliou o número de destinos das exportações de carne de gado de 44, em 1999, para mais de cem este ano. Para manter os seus clientes, diante da volta ao mercado dos norte-americanos, o Brasil terá que trabalhar bastante.
O setor já vem fazendo uma série de esforços para aumentar as exportações. No final do mês de maio, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) assinaram um convênio prevendo investimentos de US$ 3,56 milhões na promoção da carne brasileira no exterior. O programa inclui o incentivo às vendas de carne in natura para o Oriente Médio.
As vendas do agronegócio brasileiro para os países árabes devem continuar a aumentar este ano, de acordo com o presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (ABAG), Carlo Lovatelli. "As exportações para a região vão crescer. É interesse do governo e também da iniciativa privada ter um maior número de mercados e também novos mercados", disse Lovatelli, durante o congresso da última semana.