São Paulo – As exportações da Marcopolo cresceram 33% no primeiro semestre deste ano sobre o mesmo período do ano passado. O percentual se refere às vendas externas feitas pela fabricante de ônibus a partir das suas unidades no Brasil. A companhia enviou para o exterior, segundo balanço divulgado na última semana, 1.278 ônibus de janeiro a junho deste ano, contra 959 unidades nos mesmos meses de 2007.
“Estamos entregando para os mercados tradicionais mesmo com sacrifício de margens”, diz o diretor de Relações com Investidores da Marcopolo, Carlos Zignani, sobre exportações. A valorização da moeda brasileira vem dificultando as vendas externas. Se for levada em conta a produção da Marcopolo em unidades fora do país, ficaram no exterior 3.750 ônibus no primeiro semestre, contra 2.939 no mesmo período de 2007.
A Marcopolo tem fábricas também em Portugal, Colômbia, Argentina, México, Índia, Rússia e África do Sul. No primeiro semestre deste ano firmou uma joint-venture com a empresa GB Auto, do Egito, na qual vai deter 49% do capital. Segundo Zignani, as exportações da Marcopolo para o mercado árabe foram praticamente nulas no primeiro trimestre, em função da perda de espaço para concorrentes internacionais, como Turquia e Egito, ocasionada pela depreciação do dólar frente ao real.
A parceria com a GB Auto deve justamente permitir a retomada do mercado árabe pela empresa. A Marcopolo está, neste momento, ajudando a companhia egípcia a transferir as suas operações do Cairo para Suez. Quando a nova fábrica estiver operando, a empresa brasileira passará então a utilizar sua tecnologia por lá e montar ônibus com marca própria, além dos da GB Auto. Isso está previsto para ocorrer na metade do ano que vem.
Apesar do mercado interno ter tido um peso importante no desempenho da companhia no primeiro semestre, os volumes produzidos pela empresa cresceram tanto no Brasil como no exterior. A Marcopolo produziu um total de 10.240 veículos em todas as suas unidades. Houve um crescimento de 28% sobre o primeiro trimestre de 2007, quando foram produzidos 7.990 ônibus. A produção no exterior cresceu 24,8%, de 1.980 unidades para 2.472, e a brasileira aumentou 29,2%, de 6.010 ônibus para 7.769.
De acordo com Zignani, o melhor desempenho no Brasil do que no exterior ocorreu em função, principalmente, de um mercado interno aquecido. “A economia brasileira está andando bem”, diz. Ele cita entre os fatores que favorecem as vendas de ônibus no país as facilidades de financiamentos e prazos para compra de veículos, o que torna o ambiente propício para investimentos. “E ônibus é um investimento”, diz. A cada 50 pessoas que conseguem emprego, lembra, é preciso um ônibus para transporte. Também o crescimento do turismo propicia demanda alta por ônibus.
Outra medida que vem favorecendo o setor, no Brasil, é uma decisão do governo federal de padronizar os ônibus utilizados para transporte escolar na zona rural brasileira. As prefeituras que aderem ao programa têm facilidade de financiamento e isenção de impostos. Em um pregão realizado no final do ano passado, dos 2.600 ônibus comprados, 1.900 foram da Marcopolo. Eles devem ser entregues até novembro deste ano.