Isaura Daniel
São Paulo – Os problemas sanitários enfrentados pelos Estados Unidos e União Européia estão ajudando a aumentar as exportações do agronegócio nacional para os países árabes. As vendas de produtos agrícolas brasileiros para o Oriente Médio cresceram 61,7% no mês de maio em relação ao mesmo período do ano passado e 40,5% para a África, onde também há países árabes. O percentual ficou bem acima do crescimento de 21% registrado nas exportações gerais do agronegócio nacional.
"Os árabes deixaram de importar de grandes fornecedores agrícolas como Estados Unidos e União Européia em função de questões sanitárias e estão comprando mais do Brasil", diz o assessor internacional da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Ricardo Cotta Ferreira. Tanto os rebanhos dos EUA quanto da Europa e Canadá enfrentam o problema da vaca louca. Há ainda os asiáticos, tradicionais fornecedores mundiais de frango, convivendo com a febre aviária.
A carne foi, de fato, um dos produtos que mais impulsionaram o crescimento das vendas internacionais do agronegócio. O faturamento das exportações do produto passou de US$ 255 milhões em maio do ano passado para US$ 477 milhões no último mês, um aumento de 86,9%. Em volume de negócios gerados, a carne só perdeu para a soja.
O Egito, por exemplo, um grande consumidor mundial de carne bovina, dobrou as compras de produtos agrícolas brasileiros em maio. "O Egito era um grande importador de carne da União Européia", diz Cotta. O país é hoje um dos maiores importadores da carne de gado brasileira.
A Arábia Saudita, país que consome muito frango, também dobrou as aquisições de produtos brasileiros em maio. "Eles compravam da Tailândia e França e agora estão comprando mais o nosso frango", diz Cotta.
Menos subsídios
De acordo com o assessor internacional da CNA, há ainda um segundo fator ao qual se pode creditar a substituição de fornecedores agrícolas por parte dos árabes: a redução dos subsídios. "União Européia e Estados Unidos estão começando a reduzir os subsídios", diz. Isso já estaria pesando nos preços dos produtos originários das duas regiões e os tornando menos atrativos. Os subsídios agrícolas serão tema da próxima reunião da Organização Mundial de Comércio (OMC).
O aumento das receitas com exportações também foi impulsionado pela alta nos preços internacionais das commodities. O preço das carnes, por exemplo, subiu 34% nos primeiros quatro meses deste ano em comparação ao mesmo período de 2003. A soja teve alta de 30%, o café 32%, o algodão 4% e as frutas 20%.
Oriente Médio comprou US$ 250 milhões
As exportações de produtos agrícolas para o Oriente Médio alcançaram US$ 250 milhões em maio, o que representa 7% do total vendido no exterior. A África respondeu por 4,3%. No mesmo mês de 2003, o Oriente Médio comprou 5,5% do total vendido pelos produtores rurais brasileiros fora do país e os africanos 3,7%.
De janeiro a maio, as exportações para o Oriente Médio geraram US$ 925 milhões em receitas para o Brasil e as vendas para a África US$ 777 milhões. O crescimento em relação aos mesmos meses de 2003 foi de 35% e 68%, respectivamente.