Isaura Daniel
São Paulo – As fábricas brasileiras exportaram um volume 24% maior de artigos têxteis para os países árabes nos primeiros quatro meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Entre janeiro e abril a indústria nacional vendeu 3,2 milhões de quilos em roupas, tecidos e fios para as nações árabes, 652 mil quilos a mais do que em 2003. O faturamento alcançou US$ 4,9 milhões e também ficou acima dos US$ 4,2 milhões obtidos no primeiro quadrimestre do ano anterior.
A projeção da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) indica que o aumento dos embarques para a região vai se manter até o final do ano e ficar acima do crescimento das exportações do setor como um todo, estimado em 20%. O aumento dos volumes embarcados até abril já foi maior do que o das exportações do setor em geral, que ficou em 10%.
Os países árabes respondem apenas por 0,8% das vendas externas do setor, mas, de acordo com o coordenador da área internacional da Abit, Domingos Mosca, têm potencial para crescer como importadores. "O volume exportado para os países árabes hoje é pequeno e por isso ainda há muito mercado a ganhar", diz Mosca.
O coordenador afirma que o aumento das vendas para a região faz parte do esforço nacional para diversificar os destinos das exportações. Nos primeiros quatro meses do ano, os Estados Unidos foram responsáveis por 30% da receita de US$ 580,2 milhões obtida pelo setor com o comércio exterior. Depois dos norte-americanos, os maiores compradores da indústria nacional de confecções fora do país foram Argentina, com 18%, e Alemanha, com 4%.
Síria é o maior mercado
O maior importador de produtos têxteis brasileiros entre os países árabes é a Síria. Os sírios adquiriram US$ 1,9 milhão ou 1,5 milhão de quilos em artigos fabricados no Brasil de janeiro a abril. As demais nações árabes que integram a lista de importadores do setor são Líbano, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Marrocos, Argélia, Egito, Jordânia, Iraque e Iêmen.
A maioria dos países aumentou as compras nos últimos anos. O faturamento das exportações brasileiras para os Emirados Árabes, por exemplo, cresceu 93% nos primeiros quatro meses deste ano se comparado ao mesmo período de 2003. O Iêmen gastou 98 vezes mais com os produtos brasileiros e a Argélia quadriplicou as compras.
Em muitos casos, porém, a receita obtida com as vendas cresceu numa proporção maior que os volumes. É o caso do Marrocos. Apesar de o Brasil ter conseguido uma receita 7,99% maior com exportações de têxteis para o país, os volumes embarcados diminuíram 2,75%. A Argélia gastou 283% mais com os produtos brasileiros, mas recebeu um volume apenas 202% maior. "Estamos vendendo mais produtos acabados, de maior valor, e menos matérias-primas", diz Mosca.
De fato, o faturamento do setor têxtil com vendas de tecidos para a região ficou apenas em US$ 307 mil nos primeiros quatro meses do ano. Aliado a isso, há o fato de que o preço dos insumos têxteis aumentou desde o início do ano passado.
A China teve problemas com a produção de algodão em 2003 e teve que recorrer ao mercado internacional para adquirir o produto, o que desequilibrou a oferta e a procura e fez os preços aumentarem. Os tecidos sintéticos passam agora pelo mesmo problema com a alta do preço do petróleo, do qual são derivados.
Hering vai vender US$ 1 milhão
Mesmo assim, as exportações de têxteis para a região estão aumentando tanto em volume quanto em receita. "A cultura ocidental é cada vez mais difundida na região e por isso as roupas brasileiras estão sendo procuradas", diz Mosca. Várias empresas nacionais do ramo vêm conquistando fatias significativas do mercado árabe. A Hering, por exemplo, deve vender US$ 1 milhão em confecções para Emirados Árabes, Catar, Arábia Saudita, Líbano e Bahrein este ano.
Se a projeção se confirmar, a receita da empresa com vendas para a região vai triplicar em relação a 2003, quando a companhia faturou US$ 300 mil. Entre as três marcas da empresa – Hering, PUC e Dzarm – a que mais faz sucesso entre os árabes é a PUC, de roupas infantis. Até 2002 a Hering, que possui seis fábricas no Brasil e sede em Santa Catarina, vendia apenas esporadicamente para a região.