Isaura Daniel
São Paulo – As exportações brasileiras para o Oriente Médio dobraram no mês de agosto. Elas aumentaram 95% em relação ao mesmo mês do ano passado. A África, onde também se localizam países árabes, cresceu em 16% como destino dos produtos nacionais.
O desempenho das vendas para o Oriente Médio ficou acima do crescimento das exportações brasileiras como um todo, que atingiu 35% no período. A região foi a que mais cresceu como destino das exportações brasileiras.
No boletim divulgado ontem (01), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior destacou o aumento das vendas de produtos nacionais para o Iêmen, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, mercados considerados menos tradicionais do que Estados Unidos e Europa na pauta de exportações do país.
As exportações para o Iêmen cresceram 120%, para os Emirados 114% e para a Arábia Saudita 107%. Os iemenitas importaram US$ 11,2 milhões do Brasil no último mês, os Emirados US$ 73,6 milhões e os sauditas US$ 116,8 milhões. Até o mês de julho, as vendas para a Arábia Saudita, grande consumidor de frango brasileiro, estavam em US$ 411 milhões.
Os números mostram que o Brasil está conseguindo manter e até superar os percentuais de crescimento que vem registrando na comercialização com os países árabes. No mês de julho, as vendas para o Oriente Médio aumentaram em 41% e para a África em 44%. "Há espaço para manter o crescimento neste ritmo", diz o superintendente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex), Benedito de Sanctis Pires de Almeida.
As exportações brasileiras como um todo também apresentaram resultado surpreendente, contrariando as expectativas de quem dizia que as vendas externas deveriam cair em função do aumento do consumo doméstico. Só no mês de agosto foram US$ 9 bilhões faturados com exportações. O superávit ficou em US$ 3,3 bilhões. "Aparentemente as empresas estão conseguindo segurar o aumento das exportações apesar da melhora na demanda interna", diz Almeida.
O valor acumulado com as vendas dos oito primeiros meses do ano já está em US$ 61,3 bilhões, recorde para o período. A meta do governo é chegar aos US$ 90 bilhões até o final do ano. O superávit está em US$ 21,9 bilhões e deve ficar em US$ 30 bilhões, de acordo com as expectativas oficiais.
A preocupação dos empresários do país agora é manter este aumento de exportações já que a capacidade da indústria está quase no seu limite. De acordo com o superintendente da Abracex, as fábricas brasileiras estão ocupando, em média, cerca de 90% da sua capacidade produtiva. "Temos que fazer investimentos na capacidade instalada para acompanhar a demanda", diz Almeida.
As pequenas indústrias do país estão numa situação um pouco mais confortável e trabalham atualmente com cerca de 65% do seu potencial. Isso, de acordo com o superintendente da Abracex, poderá abrir brecha para que elas passem a ter responsabilidade maior nas exportações brasileiras. No ano passado, 117 grandes empresas responderam por 58% das vendas do país no exterior.
Importações
O aumento das importações brasileiras, também registrado na balança comercial de agosto, mostra que a indústria nacional está expandindo a sua produção. As compras de material de fora do país cresceram 28,1% de janeiro a agosto em relação ao mesmo período do ano passado, se levada em conta a média diária, e 43% se comparadas com agosto de 2003.
A pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada na terça-feira (31) mostrou que o Produto Interno Bruto (PIB), um reflexo direto da produção industrial, aumentou 4,2% nos seis primeiros meses do ano.
O Brasil importou US$ 39,4 bilhões nos oito primeiros meses deste ano e US$ 5,6 bilhões em agosto. "Com a retomada da produção há uma demanda maior por matérias-primas", diz Almeida. Nas importações de agosto, comparadas ao mesmo mês de 2003, o maior crescimento foi registrado nas áreas de combustíveis e lubrificantes, matérias-primas e intermediários, bens de capital e bens de consumo. O maior fornecedor foi União Européia.
As exportações que mais cresceram foram as de semimanufaturados de ferro e aço, laminados planos, gasolina, carne suína e soja em grão. A soja, porém, como produto individual, trouxe a maior receita para a balança brasileira: US$ 581 milhões. Os Estados Unidos lideram a lista como maior destino do produto nacional.