Isaura Daniel
São Paulo – Os diplomatas brasileiros vão receber treinamento na área comercial antes de começarem a atuar em embaixadas do Brasil no exterior. O Departamento de Promoção Comercial do Ministério de Relações Exteriores fez um acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), pelo qual os profissionais ligados ao Itamaraty passarão por capacitação para conhecer mais de perto a realidade da indústria brasileira.
De acordo com o gerente de relações internacionais da Fiesp, Christian Lohbauer, o objetivo é aproximar os diplomatas brasileiros do mundo da produção e também transformá-los em agentes de comércio. Antes de um profissional se deslocar para atuar como assessor econômico, político ou mesmo embaixador em algum outro país, ele terá contato com as indústrias brasileiras que exportam para a região.
A idéia é que o diplomata gaste alguns dias visitando fábricas que têm relações comerciais com a região e conversando com empresários do setor. "Ele fará uma imersão no setor", diz Lohbauer. Se ele for para a Rússia, por exemplo, para onde o Brasil exporta carne suína, terá contato com frigoríficos, vai se interar dos principais entraves no comércio com o país, conhecerá a linha de produção das empresas. Se for para os Emirados Árabes Unidos terá contato com fabricantes de cosméticos e jóias.
Ainda não está definida a quantidade de dias que cada diplomata dispensará para o treinamento. O projeto piloto deve começar no mês de novembro. A Fiesp aguarda neste momento o envio da lista de profissionais que serão enviados para outros países no próximo ano. Normalmente, as transferências são comunicadas com 60 dias de antecedência. O acordo deve envolver desde diplomatas iniciantes até os níveis mais altos da hierarquia.
Mais vendas
De acordo com Lohbauer, apesar do acerto ter sido feito com uma federação paulista, o treinamento deve ter abrangência nacional. Se as principais indústrias que têm relações comerciais com o país-foco estiverem em outro estado, os diplomatas devem se deslocar às regiões onde elas estão para conhecer o setor. "A intenção é promover a indústria brasileira", diz o gerente da Fiesp.
O acordo foi discutido na última semana entre o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e o embaixador Mario Vilalva, diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério de Relações Exterior, mas ainda não foi oficializado.
"O futuro é promissor e, nesse contexto, São Paulo, sendo o motor da produção industrial, terá tudo pra contribuir e se beneficiar deste cenário positivo", disse o embaixador na oportunidade. De acordo com Lohbauer, depois do início do projeto-piloto, serão definidos os próximos passos do acordo.
Assim que assumiu o governo federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que tinha intenção de reforçar a atuação comercial das embaixadas brasileiras no exterior, com a intenção de melhorar os números do comércio internacional. O Brasil tem 95 embaixadas no exterior e 50 consulados e vice-consulados.