Da redação
São Paulo – O governo da Arábia Saudita assinou neste mês um contrato de exploração de gás com gigantes petrolíferos internacionais que levará investimentos de US$ 800 milhões apenas em sua primeira fase ao país. O negócio foi interpretado como um marco do setor no país, informou a Saudi Arabian General Investment Authority (Sagia), órgão do governo criado em 2000 para regular os investimentos privados.
As companhias que venceram a licitação serão a Lukoil, da Rússia, a China Petrochemical Corporation (Sinopec) e um consórcio formado pela ENI (Itália) e Repsol YPF da Espanha, que explorarão as reservas de gás da jazida de Rub Al-Khali, também chamada de "área vazia". O acordo, disse o ministro do Petróleo e Recursos Minerais da Arábia Saudita, Ali Al-Naimi, poderá impulsionar a cooperação econômica com esses países em outras áreas.
"Não há dúvidas de que essa parceria tenha o benefício secundário de aumentar a cooperação total em muitos campos. Temos fortes relações com a Rússia. Cooperamos muito na administração da estabilidade no mercado petrolífero", declarou o ministro, no dia 7 de março, quando foi assinado o acordo, segundo a Sagia.
Sob o acerto firmado, com duração de dez anos em sua primeira fase, as companhias irão explorar gás não associado em áreas designadas A, B e C. Lukoil irá explorar a área A com 30.000 km2, enquanto a Sinopec recebeu a área B com 40.000 km2. O consórcio ENI-Repsol ficou com a área C com aproximadamente 52.000 km2.
Saudi Aramco e norte-americanos
A companhia Saudi Aramco, estatal saudita que está entre as cinco maiores produtoras e exportadoras de petróleo e gás do mundo, também participará do negócio. Será parceira das três empresas, com uma fatia de 20% em cada projeto.
Ausentes do negócio ficaram as companhias norte-americanas. Segundo Sagia, a ChevronTexaco se candidatou para a exploração de um dos blocos mas perdeu. A ExxonMobil, maior investidor estrangeiro na Arábia Saudita, com US$ 5 bilhões em refinarias, desistiu logo no início do processo. Prguntado sobre a ausência dos Estados Unidos, o ministro disse que empresas do país "já têm forte presença na Arábia Saudita".
Reservas
A Arábia Saudita já produz cerca de 200 milhões de metros cúbicos de gás por dia por meio de cinco fábricas em Hawiyah, Haradh, Shedgum, Berri e Uthmaniyah. Até 2025, porém, espera-se que a demanda chegue a 400 milhões de metros cúbicos. "Nossa prioridade é atender à demanda interna e só começar a exportar se a capacidade adicional for suficiente", explicou o ministro.
As reservas totais de gás do país cresceram em torno de 15% nos últimos anos, para 6,2 trilhões de metros cúbicos, de acordo com informações da Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo (Opaep). A maior reserva mundial é a da Rússia, de 48 trilhões de metros cúbicos. Em seguida, vêm Irã (23 trilhões) e Catar (14,6 trilhões).