Isaura Daniel, enviada especial
Porto Alegre (RS) – O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, pediu ontem (30), aos diplomatas árabes presentes no 6º Encontro de Embaixadores, em Porto Alegre, que seus países se unam ao Brasil na luta contra as barreiras comerciais internacionais. "Nossos países devem lutar juntos contra as barreiras protecionistas que empobrecem o mundo e distorcem o mercado internacional", disse Rigotto.
Diante de uma platéia formada por empresários, o governador gaúcho afirmou que o comércio internacional precisa ter regras mais claras e justas. Os países em desenvolvimento obtiveram, no início de agosto, uma vitória importante na Organização Mundial de Comércio (OMC) neste sentido.
Europeus, japoneses e norte-americanos se comprometeram a começar a eliminar os subsídios agrícolas, recursos financeiros que dão aos seus produtores e que acabam achatando os preços de uma série de produtos no mercado mundial.
Um país árabe, o Egito, integra, juntamente como Brasil e outras nações agrícolas, o G-20, grupo que luta contra os subsídios dos países ricos no âmbito da OMC.
Recentemente a organização deu ganho de causa ao Brasil contra os subsídios concedidos pelos Estados Unidos aos seus produtores de algodão. Na mesma linha, a OMC condenou os subsídios europeus ao açúcar, atendendo a uma queixa do Brasil, Austrália e Tailândia.
Assim como o Brasil, o Egito deve ser beneficiado se os subsídios realmente forem eliminados, pois o país é forte na plantação de algodão. Também os países árabes Iêmen e Sudão são produtores da fibra.
Safra gaúcha
O Rio Grande do Sul, apesar de não ser exportador de algodão e de açúcar, produtos que mais sofrem com os subsídios, tem uma safra de 22 milhões de toneladas de grãos.
O estado começou recentemente a exportar trigo, produto que a Polônia, novo membro da União Européia, também produz. Os produtores poloneses começaram a receber subsídios já este ano.
O Rio Grande do Sul sofreu prejuízos recentemente com o embargo temporário que o governo chinês impôs à soja brasileira. A soja é o principal produto agrícola do estado, que teve uma safra de 9 milhões de toneladas no ano passado. Neste ano, o volume caiu para 5,3 milhões em função da estiagem enfrentada pelas lavouras no início do ano.
Integração
O governador gaúcho também se preocupou em dar aos embaixadores árabes uma mensagem de integração e paz. "Não posso deixar de ver no mundo da diplomacia, no intercâmbio comercial e no ambiente de negócios um conjunto de fatores indispensáveis de aproximação e pacificação, tanto quanto de prosperidade e justiça", disse.
Rigotto lembrou que os países árabes estão localizados em dois continentes – África e Ásia – e que o estado têm imigrantes das duas regiões. Ele citou a convivência das diversas etnias no estado, inclusive a árabes, como um exemplo de integração.
"No Rio Grande os povos desses dois continentes também se encontram através da presença ativa e atuante de patrícios vossos e descendentes de vossas nacionalidades, num convívio harmônico entre si e com as demais etnias que compõem o caráter multiforme da gente rio-grandense", disse aos embaixadores.
Ontem à noite os embaixadores participaram de um jantar, em Porto Alegre, oferecido pela Confederação Nacional das Entidades Árabe Palestino Brasileiras.