Isaura Daniel
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São Paulo – As importações brasileiras dos países árabes apresentaram um crescimento expressivo nos quatro primeiros meses deste ano. Elas saíram de US$ 1,7 bilhão entre janeiro e abril do ano passado para US$ 2,9 bilhões no mesmo período deste ano. O crescimento alcançou 68,89%. Em abril, as compras cresceram 52% sobre o mesmo mês do ano passado, de US$ 492,4 milhões para US$ 801 milhões.
De acordo com o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, grande parte do crescimento ocorreu em função do aumento dos preços do petróleo, produto que os árabes fornecem tradicionalmente para o Brasil. De fato, do total importado no primeiro quadrimestre, US$ 1,9 bilhão corresponde a óleos brutos de petróleo. O volume comprado do produto, entre janeiro e abril, até caiu, mas os valores cresceram 43,6%.
Produtos que também tiveram peso importante nas importações foram os fertilizantes e seus insumos. Dos 20 principais itens comprados pelo Brasil no mercado árabe até abril, nove foram do setor. O crescimento, explica Alaby, se deve principalmente ao crescimento da agricultura. O diretor de operações da Intertrade Group, Tomás Huyer, que trabalha com importações de fertilizantes, afirma que também houve aumento de preços.
“Os preços dos fertilizantes estão subindo muito desde janeiro do ano passado. Então, as empresas procuraram comprar o quanto antes o máximo possível de produtos”, explica. As compras antecipadas serviram, segundo Huyer, para se precaver de um aumento ainda maior dos preços dos fertilizantes. De acordo com ele, desde janeiro o preço da tonelada do superfosfato triplo (GTSP), por exemplo, subiu de US$ 500 (Fob) para US$ 1 mil.
A causa, na ponta da cadeia, é o aumento mundial da demanda por alimentos. A perspectiva de maior consumo e preços agrícolas melhores faz os agricultores produzirem mais e, como conseqüência, explica Huyer, aumentarem as compras de fertilizantes e os seus preços. Entre os produtos do setor que o Brasil importou dos árabes até abril estiveram itens como ácidos fosfóricos, superfosfato, fosfatos e uréia. O aumento das compras brasileiras dos árabes, no capítulo “adubos e fertilizantes”, foi de 207%, de US$ 61 milhões para US$ 187,7 milhões. Os principais fornecedores foram Marrocos e Tunísia.
O Brasil também aumentou, entre janeiro e abril, as compras no mercado árabe de outros produtos como sardinhas e confecções. Estes produtos, porém, têm um peso bem menor na pauta do que os combustíveis minerais – petróleo, naftas para petroquímica e querosenes para aviação – e os fertilizantes. Os combustíveis e os fertilizantes responderam por 93% das importações brasileiras dos árabes nos primeiros quatro meses do ano.
Daqui para lá
As exportações do Brasil para os países da Liga Árabe também cresceram entre janeiro e abril sobre o primeiro quadrimestre de 2007, mas em proporção menor. Elas aumentaram 16,48% para US$ 2,3 bilhões. O crescimento registrado em abril sobre o mesmo mês de 2007 foi de 15,16%. As vendas externas brasileiras para os árabes ficaram em US$ 622,5 milhões no mês. O principal produto da pauta, entre janeiro e abril, foi a carne, seguida de açúcar, minérios, ferro, aeronaves, bens de capital, veículos e cereais.
De acordo com o secretário-geral da Câmara Árabe, 65% das exportações do quadrimestre corresponderam a produtos do agronegócio. No mesmo período do ano passado, esse percentual estava em 62%. O percentual de crescimento das vendas poderia ter sido ainda maior, segundo Alaby, se não fosse a queda nos preços do açúcar. O Brasil faturou até abril US$ 373 milhões com embarques de açúcar aos árabes contra US$ 499 milhões nos mesmos meses do ano passado.
No acumulado do ano até o mês de abril, a corrente comercial do Brasil com a região já estava em US$ 5,3 bilhões. O crescimento é de 40,46% sobre o primeiro quadrimestre de 2007, quando ela estava em US$ 3,7 bilhões. No mês de abril, o fluxo comercial entre o Brasil e os 22 países da Liga Árabe ficou em US$ 1,3 bilhão.