Isaura Daniel
São Paulo – Oito atacadistas e varejistas da Síria estão interessados em comprar autopeças brasileiras. O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Estado do Paraná (Sindimetal), Roberto Sotomaior Karam, voltou quinta-feira (9) da 51ª Feira Internacional de Damasco com o nome de oito empresas que querem adquirir os produtos fabricados no Paraná.
O Sindimetal participou da mostra, que terminou ontem (12), como parte do estande montado pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB). O presidente da entidade ficou no país até a quarta-feira (8) para promover os produtos de 53 empresas associadas das áreas de autopeças e linha branca. Essas mesmas empresas receberão, a partir desta semana, o contato dos importadores sírios interessados em seus produtos. A idéia é que elas prossigam a negociação de forma individual a partir do Brasil.
O sindicato possui duas mil filiadas dos setores de metal-mecânica e material elétrico, como indústrias de autopeças, dobradiças, ferragens, cadeados, fechaduras, fogões, geladeiras e refrigeradores. As empresas que fabricam autopeças já exportam cerca de 38% da produção. Os destinos, porém, são Europa, África, América do Sul e América Central. De acordo com Karam, até o segundo semestre do próximo ano elas devem vender também para a Síria. O grande pontapé será o contato feito na feira.
O trabalho de Karam, em Damasco, foi distribuir folders, catálogos e falar a respeito da produção das empresas paranaenses. Além de contato com os sírios, o presidente do Sindimetal também aproveitou para conversar com potenciais importadores de outros países, como Irã, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Rússia, que estavam presentes na mostra.
Foi a primeira vez que o Sindimetal participou de uma feira no Oriente Médio. De acordo com Karam, a entidade vai estudar também a participação na Semana do Brasil, que vai ocorrer no próximo ano em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Estande brasileiro
De acordo com o diretor da CCAB, Sami Roumieh, além de muito visitado, o estande brasileiro recebeu atenção especial dos organizadores da mostra. Segundo ele, os empresários locais estão demonstrando bastante interesse em trabalhar com as indústrias brasileiras. "O povo sírio gosta muito do Brasil e isso facilita as negociações", diz o diretor.
Roumieh afirma que as indústrias brasileiras de autopeças, linha branca, semi-jóias e ingredientes para cosméticos presentes na mostra foram muito procuradas. As empresas brasileiras compartilharam um estande de 100 metros quadrados. A Prefeitura Municipal de Santo André organizou dentro do estande um espaço City Hall, com empresas locais, e os representantes da Cacique promoveram degustação do seu produto, o café Pelé.
Comércio
O comércio brasileiro com a Síria vem crescendo. Nos oito primeiros meses do ano, as exportações do Brasil para o país árabe aumentaram em US$ 99 milhões. As vendas passaram de US$ 19 milhões entre janeiro e agosto de 2003 para US$ 118 milhões no mesmo período deste ano. Os produtos que lideram o ranking de exportações para a Síria são açúcar, café, automóveis e tratores.
A feira da Síria, multissetorial, ocorreu por dez dias no espaço de exposições Damascos International Fair Grounds. A expectativa inicial era que gerasse US$ 100 milhões em negócios para os cerca de cinco mil expositores.
Estava prevista para ontem a assinatura de um acordo de cooperação agrícola entre a CCAB e a Federação das Câmaras de Agricultura da Síria, com o objetivo de promover a troca de experiência na área. Roumieh tinha um encontro agendado com o ministro de Agricultura e Reforma Agrária da Síria, Adel Safar.