São Paulo – Oito estudantes do Colégio Bandeirantes, de São Paulo, irão disputar de 16 a 19 de novembro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, a etapa final do projeto F1 in Schools. O programa é organizado há 12 anos pela própria Fórmula 1 com parceiros em 40 países para incentivar estudantes do Ensino Médio e do Ensino Fundamental a desenvolver carros de corrida em miniatura, mas com todos os elementos dos modelos que vão para as pistas. Os carros são criados em um programa de computador, depois ganham moldes reais, passam por testes de aerodinâmica até ficarem prontos para competir.
Os estudantes do Bandeirantes são integrantes da equipe “Força Canindé”, que faz uma homenagem ao pássaro de mesmo nome. Seu projeto derrotou outros dois trabalhos do mesmo colégio, além de estudantes de outras quatro instituições.
O projeto chegou ao Brasil por meio de uma parceria ente o físico e especialista em marketing Manoel Belem e os organizadores da Formula 1. Belem trouxe ao País outros projetos relacionados à tecnologia e teve a oportunidade de trabalhar com a Fórmula 1 quando desenvolvia um programa de experimentos espaciais com escolas.
“Investíamos muito tempo com os conceitos e pouco tempo com a execução do projeto. Quando surgiu a oportunidade de trabalhar com a Fórmula 1 ficou mais fácil, pois todo mundo sabe o que é. Assim podemos destinar mais tempo aos projetos”, disse Belem.
Segundo ele, o objetivo dos organizadores é desenvolver talentos que possam, no futuro, trabalhar nas equipes e no desenvolvimento dos carros. “Para nós o projeto é baseado em quatro pilares: o aprimoramento da desenvoltura dos estudantes; a construção coletiva do conhecimento junto com os professores; o desenvolvimento do empreendedorismo; e o resgate da relação entre pais, alunos e professores”, disse.
Os vencedores
Nas equipes do F1 in Schools, um dos estudantes é o responsável pelo marketing do time, outro pelo desenvolvimento do projeto, outro pela comunicação, entre outras áreas. A Fórmula 1 oferece um manual com as regras para elaboração e especificações dos modelos que serão construídos, além do programa de computador nos quais são criados. Os colégios que participaram da iniciativa pagaram para integrar o projeto, assim como as famílias dos estudantes ou empresas que os patrocinam pagaram pela viagem a Abu Dhabi.
Coordenador de Química do Colégio Bandeirantes, Ricardo Almeida foi um dos orientadores da equipe “Força Canindé”, em parceria com os professores Cristiana Assumpção, que é coordenadora de Projetos Especiais, e com o professor de Química Franco Ramunno. Almeida afirmou que um dos principais resultados do projeto foi fazer com que os estudantes buscassem aprofundar seus conhecimentos e desenvolver seus trabalhos específicos ao mesmo tempo em que atuavam em equipe.
“Certamente estes estudantes irão chegar ao mercado de trabalho mais preparados. Neste grupo vencedor, cada um desempenhou seu papel ao mesmo tempo em que todos souberam trabalhar em equipe”, disse. A equipe foi vencedora porque obteve a pontuação mais alta em sete quesitos avaliados pelos jurados do projeto. A pontuação da velocidade final dos carrinhos, que podem atingir 80 quilômetros por hora, equivale a 25% da nota final. No entanto, é apenas um dos aspectos do projeto avaliados. Outras notas são atribuídas ao projeto de marketing do grupo, apresentação oral, cumprimento às especificações técnicas, portfólio e design do estande, entre outros.
Segundo Belem, o objetivo pra 2015 é tornar esse projeto viável para escolas públicas do Brasil também participarem. Em outra escola participante da edição deste ano, a FourC, de Bauru, no interior de São Paulo, estudantes ainda menores se envolveram no projeto. Segundo a diretora geral, Sara Hughes, alunos de 12 anos, em média, formaram equipes, também com funções específicas. A escola não venceu, mas Hughes afirmou que o projeto serviu como estímulo.
“Nós já formamos, naturalmente, nossos alunos a ter a postura de abrir possibilidades, pensar em soluções, em projetos. Eles sabem que se querem aprender algo, irão aprender, e não precisam esperar apenas que alguém os ensine. Quando mostramos o projeto eles ficaram muito interessados com a possibilidade de criar um carro, de competir”, disse Hughes.
Premiação
De 16 a 19 de novembro, os estudantes da equipe “Força Canindé”, Belem, seu sócio, Waldemar Battaglia, e o professor Franco Ramunno irão participar da última competição em Abu Dhabi. Lá, os estudantes e seus conhecimentos serão novamente colocados à prova de jurados. Eles irão visitar o autódromo de Yas Marina, onde todos os anos é realizado o Grande Prêmio de Fórmula 1 do emirado. Também conhecerão pilotos e os profissionais das equipes, além de participar de um jantar e conhecer o Ferrari World, que é o parque temático da escuderia em Abu Dhabi.
Vão competir times de 40 países. Todos os integrantes da equipe vencedora serão premiados com uma bolsa de estudos de graduação e pós-graduação na City University, de Londres, em cursos de engenharia ou áreas relacionadas. A etapa final e premiação do F1 in Schools é realizada sempre em um dos circuitos em que ocorrem as três últimas etapas do campeonato de Fórmula 1. No ano passado, a premiação foi em Austin, no Texas, Estados Unidos. O Brasil poderá receber a final do prêmio em 2016.