São Paulo – Faltam ainda mais de dois anos para começar a Copa do Mundo no Brasil, mas já há companhias nacionais de olho na edição seguinte do evento, a Copa de 2022, que acontecerá no Catar, no Oriente Médio. Com foco nas oportunidades de negócios que a Copa no país árabe irá gerar, empresas brasileiras começam a se instalar no Catar para participar dos processos de licitação das obras que serão erguidas antes de a bola começar a rolar.
"Vamos consolidar uma experiência em torno da nossa Copa do Mundo e o Catar vai demandar essa experiência", afirma Sidney Costa, gerente do Centro de Negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A Apex já tem um escritório em Doha, capital do Catar, apoiando as companhias nacionais neste caminho para a Copa, que começa com a construção de estádios, hotéis e obras de infraestrutura, como rodovias, linhas de metrô e de trem, além de uma ponte, que ligará o Catar ao Bahrein.
Somente em estádios, serão investidos US$ 5 bilhões na construção de nove arenas novas e renovação de outras três. Para a construção do metrô, o investimento será de US$ 25 bilhões; em estradas, incluindo a construção da ponte entre os países, o investimento será de US$ 20 bilhões. Um novo aeroporto receberá o aporte de US$ 13 bilhões e para o novo porto marítimo serão US$ 3 bilhões. O primeiro novo estádio para a Copa do Catar deve estar pronto em 2015.
Para apresentar estas oportunidades aos brasileiros, a Apex organizou no último dia 11, em Brasília, um seminário com a presença de representantes de construtoras e também de escritórios de advocacia interessados em prestar consultoria sobre as questões legais de atuação no Catar. Como palestrantes estavam o presidente da Associação Nacional dos Engenheiros do Catar, Ahmad Al Jolo, o advogado do escritório Allen & Overy, Anthony Traboulsi, o diretor da MEED Insight, empresa especializada em informações sobre o Oriente Médio, Edward James, e Sidney Costa, da Apex.
Segundo Costa, uma das principais vantagens expostas no evento sobre o mercado de construção do Catar é que ele não é dominado por uma grande empresa nacional, assim como não é comprometido com empresas de determinada nacionalidade. "Isto torna o mercado aberto para quem for competitivo", destaca. "As empresas brasileiras são competitivas em obras mais elaboradas e já há um conhecimento na região sobre esta expertise das construtoras brasileiras", aponta. "O Brasil é referência para eles em futebol. Nós sediaremos uma Copa do Mundo. Em termos de prestígio, para eles, é bom ter empresas brasileiras [participando das obras]", explica.
As construtoras e os escritórios de advocacia, no entanto, não serão os únicos a se beneficiar do evento de 2022. Quando tudo estiver erguido, outros setores vão ganhar destaque. "Há portas abertas para tudo", afirma Costa. "Neste momento, (a demanda) é mais para construção, depois, serão abertas oportunidades para a área de serviços, como tecnologia da informação, consultoria em gestão de eventos, gestão de turismo e produção de conteúdo de vídeo", exemplifica.
Outro ponto de apoio da Apex às empresas brasileiras é na questão do financiamento. "O Catar National Bank, que é o banco oficial do país, já está à disposição para apoiar as empresas brasileiras em suas necessidades na área financeira", completa Costa.