Isaura Daniel
São Paulo – Para quem mora na cidade de São Paulo não é difícil colocar em prática na cozinha de casa as mais requintadas receitas da cozinha árabe. Encontrar molho de romã, pasta de gergelim tahini ou geléia de damasco, é questão de se dirigir aos bairros de Moema, Higienópolis ou Brás. Em cada um deles há uma filial de uma das maiores redes de supermercados de comida árabe do país, a Maxifour, construída por um libanês que mora no Brasil há mais de 20 anos.
Uma passagem por alguma das unidades da Maxifour é o suficiente para qualquer leigo no assunto entender que a culinária árabe vai muito além das esfihas e dos kibes. Torradas libanesas, doces recheados com nozes, coalhadas, sorvetes de tâmara, pastas de berinjela, balas de pistache, semente de abóbora, confeitos de amêndoas e pepinos silvestres abundam pelas prateleiras estampando nomes estranhos ao vocabulário brasileiro como maamul, haleu ou tahini.
"Temos quase mil tipos de produtos", diz o diretor do Maxifour, o libanês Farid Mekhael Kheir, que iniciou o negócio em 1990, com uma pequena padaria no Brás.
Farid, 44 anos, chegou ao Brasil aos 20 anos para se proteger da Guerra do Líbano. Cansado de esperar o conflito terminar, ele resolveu começar a construir sua vida por aqui. Foram sete anos dedicados apenas ao setor de confecções até o libanês descobrir que os descendentes que viviam no país sentiam saudades das receitas das mães e avós que ficaram em casa. A boa aceitação da padaria foi responsável pelo crescimento do negócio. "A colônia (árabe) começou a solicitar outros produtos", conta.
Por volta de 1992, a Maxifour se tornou também uma importadora de alimentos de países árabes, principalmente do Líbano. E, segundo ele, também por solicitação dos compatriotas foram abertos mais dois supermercados, um em Moema, no final da década de 1990, e outro em Higienópolis, em 2001. Nas duas regiões há forte presença de moradores com descendência e nacionalidade síria e libanesa.
Crescimento
Hoje, o Maxifour é responsável não apenas por abastecer as mesas e geladeiras destas famílias como também por fornecer os ingredientes de centenas de pratos servidos nos restaurantes e hotéis brasileiros. De acordo com Farid, 70% das vendas da rede são voltadas ao atacado e 30% ao varejo. Além dos restaurantes, também lojas de produtos árabes de todo o país mandam seus representantes a São Paulo comprar nas unidades da Maxifour.
Uma fábrica própria, ao lado da unidade do Brás, é responsável pelo abastecimento de 30% dos produtos vendidos nas lojas. Além do pão sírio, carro-chefe entre os produtos fabricados pela empresa, também são produzidos no local torradas libanesas, pães de zatar e gergelim, doces árabes finos, coalhadas e sorvetes artesanais.
A rede possui a marca própria Maxifour e a Zenny. A marca Zenny, porém, é utilizada para produtos fabricados nos países árabes e remetidos ao Brasil para as lojas da rede.
Narguilés
Além de alimentos, a Maxifour também vende produtos de artesanato, decoração e cozinha de países árabes, como mesas e objetos em madeira e mosaico, toalhas, bules e xícaras. Só em narguilés, são cerca de 500 unidades importadas da Síria, Líbano e Egito e distribuídos ao ano em São Paulo.
A Maxifour virou quase ponto de passagem obrigatório para árabes em visita ao Brasil. Eles normalmente são levados ao local por parentes ou empresários com os quais estão fazendo negócios no país para ver de perto a proporção que tomou a culinária árabe no país.
Maxifour
www.maxifour.com.br
maxifour@maxifour.com.br
+55 11 6099 0000