Cláudia Abreu
São Paulo – Foi lançado ontem na livraria Cultura, em São Paulo, o Livro das mil e uma noites. A publicação leva o selo da editora Globo. É a primeira vez que as aventuras de Sahrazad chegam para os leitores brasileiros diretamente dos originais árabes. Contos como Aladim e Sinbad, o marujo, por exemplo, não estão na obra, pois foram incorporadas na edição francesa de Antoine Galland. O texto foi traduzido pelo professor Mamede Mustafa Jarouche, que pesquisou durante cinco anos manuscritos árabes na Europa e no Oriente Médio.
O volume é o primeiro de cinco, traz as primeiras 170 noites. A edição está nas livrarias desde o início de maio. O livro também será lançado em Portugal, para isso será adaptado para o português de lá. O segundo volume já foi traduzido, mas ainda não tem data para a publicação no Brasil.
Além da fidelidade às histórias, a tradução de Jarouche apresenta notas sobre os aspectos lingüísticos e que explicam a comparação entre os vários manuscritos e edições árabes. Acredita-se que a história de Sahrazad surgiu no Iraque, no século 9, de lá foi para a Síria e depois para o Egito. O texto também é recheado de anexos valiosos, com traduções de passagens do livro que possuem mais de uma versão e que servem de elementos de confronto para o leitor interessado na história da constituição da saga.
Outro diferencial do livro diz respeito aos nomes árabes. Eles aparecem como realmente devem ser lidos: Sahrazad, por exemplo, surge grafado dentro da convenção internacional: Šahrāzād. O objetivo, segundo a editora, foi respeitar o leitor evitando "soluções precárias". As descrições da simbologia aparecem nas primeiras páginas no livro. O volume será vendido a R$ 55.