São Paulo – Expositores de países árabes que participaram da feira World Travel Market (WTM) Latin America disseram que aumentou este ano a demanda dos brasileiros por viagens para estes destinos. A mostra da indústria do turismo terminou nesta quinta-feira (06), em São Paulo.
“Este ano foi melhor do que o ano passado. Há novamente demanda pelo Egito no mercado brasileiro”, disse a diretora da Autoridade de Turismo do Egito para Estados Unidos, Canadá e América Latina, Gawaher Ali Youssef, responsável pelo estande do país. Além da representação institucional, o espaço egípcio contou com cinco agências de turismo e dois hotéis. “Todos eles fizeram bons negócios”, garantiu ela.
Segundo os egípcios, no ano passado o turismo foi afetado pelas quedas dos aviões da russa Metrojet, que ocorreu no Sinai em outubro de 2015, e da EgyptAir, no Mediterrâneo em maio de 2016, e pela propaganda negativa que isso gerou. Eles avaliam que agora, com maior estabilidade política e segurança, há uma retomada do interesse pelo destino.
“O Egito voltou”, comentou o presidente da agência egípcia Exotic Tours and Travel, Mohamed Mossad. “O problema agora é a situação econômica, não a segurança”, acrescentou. O turismo é um dos principais setores da economia egípcia e sua retomada é considerada essencial para a geração de empregos e renda.
Entre as novidades apresentadas na feira este ano está a rota da Sagrada Família no Egito, que o governo passou a promover recentemente, conforme a ANBA noticiou em reportagem de outubro de 2016. “Alguns dos pontos [da rota] ainda não têm o desenvolvimento [da infraestrutura turística] necessário, mas muitos grupos vão a destinos no Sul do Egito e no Norte”, afirmou Mossad. “Há sempre muito interesse, eu mesmo levo muitos grupos católicos e evangélicos ao Egito”, observou.
Embora a economia brasileira não esteja num bom momento, a recente valorização do real sobre o dólar incentiva as viagens ao exterior. “Para o turismo exportador é positivo sim, mas para o receptivo o melhor seria um câmbio (dólar) mais alto", declarou o diretor da feira, Lawrence Reinisch.
Palestina
Uma das novidades desta edição da mostra entre os pavilhões internacionais é o estande da Palestina. “Já tivemos profissionais palestinos como expositores, mas não a Palestina como país”, destacou Reinisch. “É importante para nós tê-los aqui, pois o Brasil tem relações com a Palestina há muito tempo e é importante haver um estande para dinamizar estas relações, principalmente na questão da hospedagem no país”, ressaltou.
Há bastante tempo os palestinos defendem que os turistas que visitam a Terra Santa contratem agencias palestinas, fiquem em hotéis palestinos e consumam produtos e serviços palestinos. Para a coordenadora de Promoção do Turismo do Ministério do Turismo e das Antiguidades da Palestina e responsável pelo estande do país, Sahar Rishmawi, hoje a indústria está mais forte na região, inclusive a hotelaria. “No ano passado nós recebemos 2,3 milhões de turistas, apesar da situação na vizinhança, o que é bom”, afirmou. Segundo ela, o número representa o total de pessoas que visitaram a Igreja da Natividade, em Belém, pois a Palestina não tem comando sobre suas fronteiras. Destes, 60 mil eram brasileiros. “Não temos estabilidade, mas sempre temos o turismo”, declarou.
Rishmawi contou que a Palestina participa da feira da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) desde 1998, mas este ano decidiu marcar presença na WTM. “Resolvemos fazer um teste para ver qual é a melhor”, disse. Embora os dois eventos sejam do ramo de turismo, a WTM é voltada para negócios entre empresas e profissionais do setor, enquanto a Abav oferece vendas no varejo para o público em geral.
Além do governo, o estande contou com duas agências de turismo da Palestina. “O feedback das empresas foi muito bom”, afirmou Rishmawi.
Além do Egito e da Palestina, do mundo árabe houve participação da Emirates Airline, de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Balanço
De forma geral, Lawrence Reinisch disse que o retorno dos expositores foi positivo. “Há um entusiasmo com os resultados da feira, os expositores estão muito felizes”, declarou. “Eles realizaram negócios, então conseguimos atingir nosso objetivo principal”, acrescentou.
No ano passado, a WTM movimentou US$ 370 milhões em negócios, segundo a organização. Os números desta edição ainda vão demorar um pouco a sair, mas o executivo diz que é possível apostar num número “para cima”. “Nos dois primeiros dias nós tivemos 20% a mais de participação [de visitantes]”, disse. A mostra teve três dias de duração. “Todo mundo está mais otimista”, comentou.