Isaura Daniel
São Paulo – O Paraguai, um dos países que integram o Mercosul, tem interesse em incluir a carne bovina no acordo de livre comércio que o bloco negocia com o Egito. A informação foi dada ontem (27) à ANBA pelo diretor de Comércio Exterior e Integração do Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, Raúl Cano Ricciardi.
Os países membros do Mercosul assinaram no início de julho, durante a reunião de cúpula do bloco em Porto Iguaçu, na Argentina, um acordo prévio que marcou o início oficial das negociações para um tratado de preferências tarifárias com o país árabe. Ainda não foram iniciadas, porém, as discussões sobre os produtos que entrarão no acordo.
Assim como o Paraguai, as demais nações do bloco, Argentina, Brasil e Uruguai, também vendem carne bovina para o Egito e podem ter interesse na redução das tarifas. Nos dias 18 e 19 de agosto haverá uma reunião de técnicos de Mercosul, no Brasil, justamente para tratar dos acordos comerciais que o bloco está discutindo.
De acordo com Ricciardi, também seria interessante para os paraguaios a inclusão dos sucos tropicais, produto fabricado pelo país sul-americano, na lista de itens do acordo. Os embarques dos paraguaios para as nações árabes ainda são pequenos, mas o país tem intenção de aumentar o comércio com a região.
O Oriente Médio e o norte da África não chegam a significar 2% da receita do Paraguai com exportações. O Brasil responde por cerca de 60% das vendas externas do país, que somaram US$ 1,1 bilhão no ano passado. A Argentina é a segunda maior compradora, com 10%, e o Uruguai é o terceiro, com 2%.
Os itens mais exportados pelo Paraguai são a carne bovina e seus derivados, os grãos, farelo e óleo de soja, sucos tropicais e móveis de madeira. A intenção do país, porém, é diversificar a pauta de produtos, os destinos e elevar o faturamento com exportações em 30% ainda este ano.
"Nosso modelo de crescimento está orientado para as exportações", diz Ricciardi. A meta é ultrapassar os US$ 1,4 bilhão com exportações em 2004.
Para isso o país aposta no crescimento das relações comerciais entre as nações em desenvolvimento. "As relações norte-sul não têm sido das melhores. É hora de investir nas relações sul-sul", afirma Ricciardi.
Tratados com o Golfo e Marrocos
Além do Egito, também o Marrocos e o Conselho de Cooperação do Golfo, formado por Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã, solicitaram o início de negociações em torno de tratados de livre comércio com o Mercosul.
O Marrocos já recebeu o sinal positivo do bloco sul-americano durante a cúpula de Porto Iguaçu, mas os países do Golfo ainda não tiveram uma resposta oficial do bloco.
O diretor de Integração Econômica prefere esperar o andamento das negociações para dar sua opinião sobre os possíveis tratados com o Golfo e com o Marrocos, mas diz que acredita nos acordos de comércio como forma de intensificar as relações com a região. "Quando há uma redução de tarifas, há estímulo ao fluxo de comércio e também de contatos entre empresários", diz.
Hoje, metade do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraguai vem do setor de serviços. O agronegócio responde por 34% e a indústria por 16%. O país está tentando elevar a participação da indústria na economia nacional com o aumento da produção e exportação de produtos industrializados.