São Paulo – Foi em 2016 que Patrícia Olve (foto) conseguiu chegar em uma formulação para fazer o couro de peixe pirarucu e se tornou a primeira mulher a trabalhar com o produto no Brasil. Ela abriu seu curtume em Ji-Paraná, em Rondônia, começou a vender o couro em diversos modelos para outros estados, conquistou clientes e percebeu que havia também capacidade para exportação.
Começou por Milão, na Itália, uma das capitais da moda na Europa, e já vendeu para a França, Estados Unidos, Catar e África do Sul. Também tem contato com um empresário dos Emirados Árabes Unidos, para quem deu consultoria para produzir couro de salmão. O centro de distribuição do produto fica em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, de onde as criações são enviadas para o Brasil e o exterior.
A marca própria, a Olve Leather, foi lançada em 2018 e é Patrícia quem desenha todos os produtos, como roupas, sapatos, bolsas e acessórios, tudo feito de forma artesanal com o couro de pirarucu. A empresária é considerada hoje a rainha do couro de pirarucu e conhecida nacional e internacionalmente. “O couro de pirarucu é o mais valorizado no Brasil e no mundo”, contou Patrícia à ANBA durante a feira Rondônia Rural Show Internacional, em Ji-Paraná.
O pirarucu é um dos maiores peixes de escamas de água doce do mundo e é típico da região amazônica. Ele pode chegar a pesar por volta de 200 quilos e medir três metros ou mais.
A empresa só compra pele de pirarucu cuja produção siga a regulamentação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e seja proveniente de pesca de manejo sustentável, uma forma de pesca controlada em reservas ambientais.
Na região Norte existe a criação de pirarucu em tanques para a comercialização da carne do peixe. “Não conseguimos utilizar a pele do pirarucu de cativeiro porque os peixes são pequenos”, explicou Patrícia.
“Toda minha vida, minha essência, é o pirarucu”, declarou a empresária, que tem uma tatuagem de pirarucu em seu antebraço. Ela contou que conheceu o peixe quando estava cursando Engenharia Agronômica e se apaixonou. Em seguida, fez uma pós-graduação em Piscicultura, onde aprendeu todo o ciclo de vida do pirarucu. Ela ainda é mestra em Ciências Ambientais com ênfase em Sustentabilidade na Amazônia e técnica e especialista em Curtimento de Couros de Peixe.
A fundadora e diretora criativa da marca Olve Leather é também fundadora do Instituto Masú, uma organização não governamental que realiza ações voltadas para o aumento da qualidade de vida de mais de mil famílias ribeirinhas, os chamados “guardiões da floresta”. O instituto ajuda os pescadores a regularizar seu trabalho de manejo sustentável dentro das diretrizes do Ibama.
A jornalista viajou a convite da Secretaria do Desenvolvimento Econômico de Rondônia (Sedec).
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