São Paulo – A interação presencial nos negócios não vai ser substituída por reuniões virtuais. Foi o que afirmou Vishal Pandey (foto acima), consultor de Crescimento de Mercado e Diretor da Glasgow Consulting Group, empresa de serviços de pesquisa e consultoria de negócios com sede em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, durante webinar “Ferramentas para Competitividade Internacional”, realizado na manhã desta quarta-feira (01) pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Pandey trabalha na região há 15 anos. Ele falou sobre a importância de entender a cultura dos países árabes com que se deseja fazer negócios, suas formas de fazer negócios, seus costumes, valores e história locais, para obter mais sucesso nos negócios. “É preciso ler muito sobre qualquer país com que se deseja fazer negócios, e então construir essas relações, essas pontes, antes de começar a fazer negócios”, disse.
O valor que os árabes dão às reuniões presenciais foi um destaque em sua fala. Mesmo com o momento de pandemia pelo qual o mundo está passando, Pandey afirma que as reuniões presenciais não serão substituídas pelas virtuais para sempre.
“Sim, estamos vivendo no mundo da internet agora, vamos ter ainda muitas reuniões por ferramentas como Zoom, no entanto, eu posso afirmar que a interação ‘olho no olho’ no mundo dos negócios não vai acabar, então meu ponto é entender a cultura dos países, a forma como eles fazem negócios”, disse.
Pandey também disse que é interessante aprender algumas palavras e pequenas frases no idioma local, como ‘bom dia’ ou ‘tudo bem?’. “Isso demonstra que você fez um esforço, teve o cuidado e o interesse de aprender sobre a cultura do país”, ressaltou.
Segundo o consultor, o Brasil tem uma imagem positiva na região do Oriente Médio e produtos como frutas, couro e calçados brasileiros são considerados de alta qualidade. Pandey também afirmou que é necessário adaptar alguns produtos para atender melhor os clientes internacionais, de acordo com suas necessidades específicas.
Pandey afirmou que a covid-19 mostrou a importância do e-commerce, principalmente nas entregas de restaurantes. “Os consumidores não estão saindo de casa, tem a questão de cortes salariais, e isso pode criar um ciclo viciosos de consumo menor que a longo prazo, pode levar a uma crise. Nesse sentido, o e-commerce aparece como uma estratégia para este momento e existem formas de vender produtos nesses mercados de forma fácil, digital”, disse.
Ele também falou sobre a evolução nos costumes do consumidor, que hoje tem preocupações com o consumo sustentável e de produtos mais saudáveis, entre outros.
Aula
Também participou do webinar o professor Diego Coelho, que falou sobre a competitividade e quais as formas de competir criando valor, fluxo de caixa e lucratividade. Coelho dá aulas na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-SP) e na Fundação Instituto de Administração (FIA-SP), e é doutor em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
Segundo ele, a concorrência é somente uma dimensão da competição. “É preciso entender o ambiente de competição quando falamos em competitividade”, afirmou. Clientes e fornecedores podem ser vistos como competidores, além das empresas concorrentes, ele diz, e por isso, é preciso estudar o ambiente de competição.
“A boa estratégia é aquela em que se compete não para ser o melhor, e sim para ser único, inigualável. Oferecer algo novo ou de forma diferente do que já está disponível no mercado. Não tente roubar o espaço da concorrência, tente conquistar o seu espaço”, enfatizou.
Toda empresa pode se internacionalizar, segundo Coelho. “Ela não precisa ser grande, mas precisa ser competitiva e conseguir adaptar seu modelo de negócios”, disse. Quando uma companhia se internacionaliza, ela terá desvantagens porque vai concorrer com empresas nativas que já conhecem o mercado, mas segundo o professor, isso pode ser superado realizando um estudo profundo sobre o ambiente de competição do país e como se posicionar e adaptar seu modelo de negócio para torná-lo competitivo naquele destino.
Ao final do encontro, o gerente de desenvolvimento de negócios da Qatar Meat, Emad Elbagouri, perguntou sobre a possibilidade de trabalhar melhor a questão dos preços com fornecedores do Brasil, alguns deles, seus parceiros há mais de 40 anos. A Qatar Meat é uma empresa de processamento de carnes do Catar.
Para Diego Coelho, esta é uma questão estratégica, porque se entra em competição com seu fornecedor. “Quando se tem um produto ‘commoditizado’ e ainda tem a variável câmbio, é um choque muito grande de disputa por esses preços. É por isso que o relacionamento entre o comprador e o vendedor é tão importante, a confiabilidade pode conseguir contratos de longo prazo, que pressuponha algumas margens interessantes que se possa trabalhar em parcerias, compartilhando certos riscos com o exportador para quem sabe mitigar os efeitos da oscilação de preços”, disse.
Já Vishal Pandey disse que a melhor solução seria participar da maior feira de alimentos do Brasil, fazer uma lista de fornecedores junto com a Câmara Árabe, e bater na porta de cada um deles para negociar os preços. “Se você compra grandes volumes, geralmente consegue fixar melhor os preços, um vendedor está sempre tentando otimizar seus preços”, disse.
Participaram do evento virtual também Rita Froes, executiva de Desenvolvimento de Negócios na Intertek, Nilson Gascoi, executivo de Negócios na GS1 Brasil, Alana Biesek, gerente de comércio exterior na Arbaza, Daniella Leite, gerente comercial da Câmara Árabe, e o presidente da entidade, Rubens Hannun.
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Assista o webinar completo abaixo: