São Paulo – Pão de queijo, brigadeiro e coxinha de frango feitos pela chef Ana Paula Lima já ganharam as mesas e eventos de quem vive no Cairo, a capital egípcia, sejam consumidores brasileiros, egípcios ou de outros países. Desde novembro do ano passado, a chef ampliou os negócios, com a abertura de uma loja e lanchonete, onde atende aos clientes de passagem e produz as encomendas que recebe. E, em agosto deste ano, deu um novo passo na carreira, ao ser convidada a se inscrever e participar do reality show “Million pound menu Egypt”, que propõe uma competição entre chefs empresários que desejam ampliar seus empreendimentos.

Ela e o marido viveram no Egito entre 2014 e 2015, quando retornaram ao Brasil. Em 2017, o casal se mudou definitivamente para o Cairo. Em 2020, Lima fundou a plataforma Brazilian Table ao lado empreendedores brasileiros no país árabe. Por diversos motivos, suas parceiras e parceiros na iniciativa retornaram ao Brasil. Ela, então, seguiu com o projeto e ampliou sua atuação. Em novembro do ano passado, inaugurou uma loja e lanchonete da Brazilian Table no bairro de Heliópolis, no Cairo.
Nas seis mesas do empreendimento, a chef atende os clientes que passam para tomar café coado, comer bolos ou quitutes brasileiros. É deste endereço também que saem bolos de cenoura, risoles e bolinhas de queijo, entre outros salgados e doces característicos do Brasil. As encomendas, diz a chef e empresária, atendem embaixadas e muitas escolas internacionais instaladas no Cairo.
Dois motivos levaram a produção de sua casa para o novo espaço: o aumento da demanda e a necessidade, pelas regras locais, de ter um espaço físico comercial para a produção e comercialização de alimentos. Tem, ao seu lado, duas funcionárias egípcias: uma cozinheira e uma gerente. Neste ano, Lima começou a ganhar as telas da TV e a participar de mais eventos, o que ela acredita que trará mais projeção aos negócios e aos sabores brasileiros no Cairo.
A gravação foi realizada no final de setembro. Os episódios em que ela participa irão ao ar em janeiro, mas Lima já sentiu aumento de exposição apenas com os anúncios do programa, que é exibido em dois canais de televisão abertos e um streaming local. Participar do programa não estava nos planos, porém ela foi procurada pela produção da atração. Precisou elaborar um projeto de expansão do Brazilian Table em um plano de negócios de três anos de execução. “Foi um dos maiores desafios da minha vida”, diz.
Receita do Brasil, ingrediente halal
Em novembro, ela foi convidada pela embaixada do Brasil no Cairo a participar da feira de alimentos Food Africa 2025, a maior de 2025. Lá, apresentou receitas brasileiras no Live Cooking Show. Por mais “brasileiras” que sejam suas receitas, a chef só trabalha com produtos halal. “A culinária brasileira que eu pratico mantém o selo halal, que é uma proposta da minha identidade respeitando as diferenças de formas de consumo de alimentos”, afirma. “Compro [os ingredientes] do país e não trago de fora, o que tem sido muito bem visto”, diz.
O cardápio do Brazilian Table tem opções até veganas. Entre os produtos à venda, também estão empadinha de frango, risoles de carne e de milho, beijinho, bicho de pé e bolo de fubá.
A chef afirma que hoje há cenário favorável às empresas brasileiras no Egito porque os dois países têm acordo de livre-comércio por meio do Mercosul e porque a relação diplomática entre eles é positiva. Isso tem influenciado na concretização de negócios entre empresas do Brasil e do Egito. Lima já começa a olhar para oportunidades em outros países árabes. No primeiro semestre deste ano, participou da feira Gulfood, a maior do Oriente Médio, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.


