Da redação
São Paulo- As vendas externas do complexo soja (grão, óleo e farelo) devem chegar a US$ 12 bilhões neste ano, o que corresponde a um crescimento de US$ 3,6 bilhões em relação a 2003 na receita gerada pelas exportações da oleoginosa. A previsão foi feita pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, ao participar ontem (18) da VII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios promovida pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) e Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Rodrigues acredita que a redução da produção global da atual safra de soja, em razão de problemas climáticos, será compensada pelo aumento da cotação do produto no mercado internacional: "Por enquanto, a nossa estimativa de exportação do produto para 2004 é essa, apesar da quebra da safra causada pela estiagem no Sul e pelo excesso de chuva no Norte e Centro-Oeste, além das perdas provocadas pela ferrugem asiática da soja em alguns estados, sobretudo Goiás e Bahia", disse o ministro.
"Isso porque os preços estão subindo no mercado internacional, com a Bolsa de Chicago registrando recordes sobre recordes de preços". Diante disso, ressaltou Rodrigues, o Ministério mantém a estimativa inicial de um faturamento de US$ 12 bilhões com as vendas externas de soja.
Potencial
Para o ministro da Agricultura, a safra de grãos do país pode chegar a 200 milhões de toneladas nos próximos dez anos. "Mas temos potencial para colher 290 milhões de toneladas de grãos, desde que sejam mantidos os padrões tecnológicos atuais". Num prazo de 15 anos, a agricultura brasileira deve incorporar cerca 30 milhões de hectares, que hoje fazem parte da área de 220 milhões de hectares destinados a pastagens, assinalou Rodrigues.
Com base nessa transferência de terras da pecuária para a atividade agrícola, o Ministério estima que o país poderá alcançar na próxima década safras de 80 milhões de toneladas de soja, de 165 milhões de toneladas de milho, de 26 milhões de toneladas de arroz, de seis milhões de toneladas de feijão, de 5,2 milhões de toneladas de algodão e de oito milhões de toneladas de trigo.
Esse potencial de crescimento não é sustentado apenas pela possibilidade de expansão da área plantada. O emprego de tecnologia, em conseqüência do avanço da pesquisa e da mecanização, também será decisivo para que o país aumente a produtividade. O ministro da Agricultura revelou ainda que o Brasil tem condições de elevar o rendimento da safra de grãos de 2,8 toneladas por hectares de grãos para 4,5 toneladas por hectare. Já a produção de cana-de-açúcar pode passar de 384 milhões para 443 milhões de hectares, com a produtividade saltando de 78,4 toneladas por hectare para 90 toneladas por hectare.
"Nos últimos 14 anos, a nossa produção agrícola teve um crescimento de 126,3%, enquanto a área aumentou apenas 24,3%", enfatizou o ministro. Nesse período, acrescentou, o rendimento agrícola foi de 85,5%. "Nenhum outro país teve um crescimento igual", observou.
Carne
Em sua exposição, Rodrigues destacou ainda que a produção brasileira de carnes também teve aumentos expressivos nos últimos 14 anos. A de frango cresceu 234% e chegou a 7,8 milhões de toneladas em 2003. Já a bovina teve um acréscimo de 85,2% e alcançou 7,6 milhões de toneladas, enquanto a de suíno subiu 173% e totalizou 2,8 milhões de toneladas no ano passado.
"O mundo todo olha a agropecuária brasileira com respeito e até com preocupação por da causa de nossa competitividade", afirmou o ministro. Na avaliação de Rodrigues, isso reforça a importância do país ter uma atuação firme nas negociações internacionais, em defesa de abertura do mercado agrícola mundial, com a conseqüente redução do protecionismo.