São Paulo – Os países do Oriente Médio continuam na liderança no consumo de frango brasileiro. De janeiro a novembro deste ano, foram exportadas 1,326 milhão de toneladas só para a região, o equivalente a 34% do total exportado no período. A Ásia ficou em segundo lugar, com 32%, e a África em terceiro, com 16%. No total exportado no período, houve queda de 0,8% no volume e aumento de 6,9% na receita. Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (13), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) divulgou os resultados do ano para o setor de carnes de frango, suínos e ovos.
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Entre os dez países que mais compraram o produto brasileiro este ano, cinco são árabes. Em primeiro lugar, a Arábia Saudita, com 542 mil toneladas (13,8%), em sexto lugar, os Emirados Árabes Unidos, com 230 mil toneladas (5,9%), em oitavo lugar, o Egito, com 138 mil toneladas (3,5%), em nono, o Iraque, com 108 mil toneladas (2,8%) e em décimo lugar, o Kuwait, com 106 mil toneladas (2,7%).
Segundo o presidente executivo da ABPA, Francisco Turra, "o setor vem retomando seu espaço no mercado mundial após a Operação Carne Fraca, grande responsável pelas quedas nos índices em comparação com o ano passado". Atualmente, dos 77 países que vetaram as carnes do País devido à operação da Polícia Federal, apenas Santa Lúcia, Trinidad e Tobago e Zimbábue mantêm o bloqueio.
Apesar de o Oriente médio se manter como maior comprador de frango brasileiro, houve queda de 5% de janeiro a novembro de 2017, no comparativo com o mesmo período de 2016. Para os países árabes especificamente, as receitas das vendas cresceram 5,88% no período, para quase US$ 2,5 bilhões. Em volume, porém, houve um recuo de 1% nos embarques, para 1,51 milhão de toneladas. A Arábia Saudita, principal compradora da região, teve um recuo de 20% em volume em relação ao ano passado.
Segundo Ricardo Santin, vice-presidente de Mercados da ABPA, “a queda se deve a um aumento de tarifa local de importação, que era de 5% do valor do produto e foi para 20%. Isso gerou uma adequação de preços e de estoques e causou essa diminuição”. Outro fator que pode ter contribuído com a queda foi uma decisão do país de taxação de trabalho, que segundo Santin, “gerou uma migração de pessoas para fora do país relevante o suficiente para diminuir o consumo interno”. Na Arábia Saudita há grande contingente de trabalhadores expatriados.
O vice-presidente afirmou ainda que prevê retomada das exportações para a Arábia Saudita em 2018, após esse período de adaptação de taxas e preços. “Esperamos uma retomada de pelo menos 50% do que se diminuiu em 2017”, disse.
O Oriente Médio segue sendo o maior parceiro do Brasil no setor. Apesar da queda na Arábia Saudita, Iêmen e Omã, as exportações para os Emirados Árabes Unidos se mantiveram estáveis, e houve crescimento de 89% no Iraque, 74% no Egito, 7% no Kuwait e 10% no Catar.
Santin comentou sobre o crescimento no Egito e no Iraque. “O Egito teve um aumento nas exportações em razão de um problema local de influenza aviária, mas agora está normalizando a situação por lá”, disse. “E o Iraque é um país que vem se recuperando e vive um momento de reconstrução de consumo; o país está se fortalecendo e diversificando seus fornecedores, não quer ficar só com Turquia e Estados Unidos, e colocou o Brasil como um player no mercado pela nossa qualidade e sanidade”, completou.
O Brasil tem hoje 36% do mercado mundial de frango, um aumento de 8% nos últimos 15 anos, e não é só o maior exportador, mas também o maior produtor de frango halal do mundo. “Queremos manter essa parceria de mais de 40 anos com os países árabes. Foi no Oriente Médio que começamos as exportações, e hoje o mercado árabe é prioridade para o Brasil”, comentou Santin. Produto halal é aquele preparado de acordo com a tradição muçulmana.
Outros produtos
Sobre a exportação de suínos, o Oriente Médio teve um aumento de 4% de janeiro a dezembro de 2017 em relação ao mesmo período do ano passado. Contudo, os Emirados Árabe Unidos, país árabe que figura em décimo lugar nas exportações do setor, sofreu recuo de 10%. A religião islâmica veta o consumo de carne suína, portanto, as vendas aos Emirados são para consumo de estrangeiros que vivem no país e de turistas.
A exportação de ovos também sofreu queda no período. O Brasil vendeu 54% menos aos Emirados Árabes, maior comprador do produto brasileiro, e menos 61% para a Arábia Saudita, quarto maior importador.
No início de 2018, a ABPA irá participar da feira Gulfood, em Dubai, levando mais de 18 empresas nacionais, que farão os sanduíches shawarma de carne de frango brasileira no evento.