Dubai – Viver em um país árabe não era o sonho de Amanda Magalhães quando ela saiu do Brasil ela primeira vez, em 2005, para passar as férias na casa da irmã, Camila, em Dubai. Mas quando chegou à cidade ela logo decidiu que iria viver ali. “Me surpreendi com a segurança, com a organização. Achei Dubai uma cidade alegre e agitada. Queria morar aqui”, conta a brasileira de 29 anos.
Ela se identificou também com a cultura local, se converteu ao islamismo e casou com um paquistanês, com quem teve uma filha em 2012. Hoje, além de estudar, trabalha numa empresa brasileira de eventos.
Quando decidiu mudar para Dubai, Magalhães começou a trabalhar como comissária de bordo da Emirates Airline. Ela deixou São Bernardo do Campo, cidade na Grande São Paulo em que nasceu, para dividir um apartamento com a irmã, também comissária, no emirado.
Sua curiosidade pelo islamismo começou quando ela já estava em Dubai. Aos poucos, ela comprou livros sobre a religião, deixou de ter amigos e mudou o guarda roupas: vestidos decotados e calças apertadas ficaram fora de moda para ela.
No começo do ramadã em agosto de 2007 ela decidiu se converter ao islã. Ramadã é o mês do calendário islâmico em que os muçulmanos praticam o jejum. “Gosto do islamismo porque é uma religião simples. O contato com Deus é direto, você fica muito próximo de Deus”, diz ela. Antes de se converter ela era católica “não praticante” e afirma que seus pais não se opuseram à sua escolha. “Eles queriam que eu seguisse aquilo que me fizesse bem.”
A brasileira usa o véu islâmico, mas não cobre todo o corpo nem deixa de trabalhar e se divertir em função da religião. “Ficar em casa, para mim, não é uma determinação do Islã. É cultural. Eu tento ser moderada. Não quero só servir ao meu marido”, disse.
Em maio de 2007 ela conheceu o marido, o paquistanês Ahmed, de 31 anos, também comissário de bordo, em um voo para Sydney, na Austrália. Eles se casaram em 2011 e no ano seguinte nasceu a primeira filha do casal, Maysa.
Pouco depois do nascimento da filha, Magalhães deixou os aviões e aeroportos para poder cuidar do bebê e estudar. “Eu chegava a uma cidade e em vez de descansar após o voo, ia estudar para a prova. Tinha que ir para casa e cuidar da minha filha. Ainda continuei em outra área da Emirates, participando do desenvolvendo de um projeto no ‘call center’, mas depois saí.” Se não fosse pelo acúmulo de deveres, ainda estaria voando pela aérea de Dubai.
Magalhães trabalha numa empresa que participa da organização de eventos em Dubai e assessora brasileiros que se mudam para o emirado. “Eu os ajudo a obter a documentação e a se instalar na cidade”, diz. Na última semana, ela trabalhou na captação de clientes para as empresas que participaram da feira de alimentação Gulfood, em Dubai, no estande brasileiro. Ao mesmo tempo, ela cursa o segundo ano do curso de pedagogia em uma universidade brasileira pela internet. Duas vezes por ano vai ao Brasil para fazer provas. É o suficiente para matar as saudades do País.
“Tudo o que eu posso fazer em São Paulo eu faço em Dubai. Eu gosto daqui e quero continuar aqui”. Só que no fim do ano a família vai se mudar. Ahmed tem negócios no emirado de Ras Al-Khaimah, um dos sete que, assim como Dubai, formam os Emirados Árabes Unidos. “Vou sentir saudades de Dubai, pois aqui estão as pessoas que eu conheço e com quem convivo. E Ahmed tem negócios lá há dois anos, que estão prosperando. Ras Al-Khaimah é um lugar muito legal e muito bonito”, diz.