São Paulo – Alguns artigos de revistas afirmam que ela é francesa, em outros está escrito que ela é sul-africana. Mas a estilista Sakina M’sa é mesmo comorense. Reconhecida por suas criações no apertado círculo francês de moda, Sakina é um das poucas pessoas nascidas em Ilhas Comores, país árabe da África, que ganhou fama mundo afora. Da França, onde mora desde a adolescência e atualmente produz as roupas com sua grife, ela exporta para países como Rússia, Japão, Coréia do Sul e Kuwait. No Brasil esteve no ano passado, durante o São Paulo Fashion Week, como mentora de uma exposição que mesclava moda e trabalho social.
Nascida em uma cidade comorense chamada Nioumadzaha Bambao e filha de uma dona de casa e um açougueiro, ela se mudou com a família para Marselha, na França, ainda na década de 70. No país europeu, a pequena comorense aprendeu logo a falar francês, se familiarizou com a literatura, a arte, e começou a se profissionalizar no mundo da moda. Em 1992, a africana se mudou então para Paris e começou a, além de fazer suas peças de moda feminina, desenvolver um trabalho social na área, ensinando criação para pessoas carentes.
“Suas roupas são sinceras, são reflexões íntimas de uma história rica em símbolos, de uma jovem comorense que transcendeu as suas origens sociais e afirmou sua identidade híbrida com talento e determinação”, afirma o site da estilista. Alguns críticos definem as suas peças como marcadas pelo “direito à diferença”. Outros gostam de lembrar que as peças têm influência da filosofia, da literatura, da arte. E de fato, as coleções de Sakina são um pot-pourri de criatividade. “Para mulheres de 25 a 50 anos, ativas, dinâmicas, elegantes, femininas, livres e engraçadas.” É assim que a comorense define o perfil das suas clientes.
Em São Paulo, Sakina M’sa esteve na metade do ano passado. Ela esteve à frente da mostra “Brasilópolis Jardim Paris”. A exposição mostrou vestidos que foram produzidos parte em Paris e parte em São Paulo. O trabalho de plissé e passe poil foi feito por mulheres da França e detalhes como fuxicos, bordados e crochês ficaram a cargo de costureiras de São Paulo. O trabalho foi feito em parceria com a Organização Não-Governamental (ONG) Movimento Comunitário Estrela Nova, que qualifica mulheres para trabalhar com alta costura.