Recife – Recife lembra praia, frevo, carnaval, frutos do mar, tapioca e bolo de rolo. É tudo isso, mas é também cidade de modernos e ótimos museus, entre eles o Instituto Ricardo Brennand (IRB), que reúne obras de arte, livros e artefatos históricos em meio a uma paisagem deslumbrante, e o Museu do Cais do Sertão, uma homenagem à terra da seca bem em frente ao mar.
O IRB, fundado em 2002, foi eleito o melhor museu do Brasil e da América do Sul pelos usuários do site de turismo Tripadvisor. Ficou em 19º lugar no ranking mundial. Situado numa ampla propriedade com vegetação abundante, o instituto ocupa uma série de edifícios que lembram castelos medievais.
A Pinacoteca guarda a coleção de arte, com destaque para obras do período de dominação holandesa no Nordeste brasileiro, de 1630 a 1654. Destaque para uma impressionante coleção de quadros do holandês Frans Post, artista trazido pelo governador do Brasil holandês, Maurício de Nassau. As pinturas de óleo sobre madeira retratam as paisagens bucólicas de Pernambuco no século 17.
Destaque também para quatro tapeçarias da Manufatura de Gobelins, de Paris, inspiradas em pinturas de Albert Eckhout, outro artista holandês trazido por Maurício de Nassau ao Brasil. Enquanto Post pintava paisagens, Eckhout retratava em detalhes a fauna, a flora e, principalmente, as pessoas.
O acervo conta também com mapas, gravuras e livros da época, mas também com pinturas, esculturas e objetos de diferentes períodos, especialmente do século 19, e uma sala que reproduz com bonecos de cera o julgamento de Nicolas Fouquet, ministro das Finanças de Luís XIV.
No Castelo São João, outro edifício do complexo, está a coleção de armas, que reúne artefatos bélicos de diferentes épocas, com direito a uma tropa completa de cavaleiros e soldados com armaduras medievais, e objetos históricos como a espada banhada a ouro do rei Farouk, do Egito, cuja abdicação em 1952, frente à revolução liderada por Gamal Abdel Nasser, pôs fim à dinastia fundada por Muhammad Ali em 1805.
Além do conjunto de prédios, que inclui também uma biblioteca e uma capela, o instituto conta com ampla área ao ar livre com esculturas, espelhos d’água e muito verde. O portal de entrada do parque foi trazido da França.
O IRB fica a cerca de 30 minutos de táxi do centro do Recife, caso não haja trânsito. Se a fome bater durante a visita, o museu conta com restaurante (no estacionamento) e com uma cafeteria (na Pinacoteca).
Sertão no mar
Na área central da capital Pernambucana, uma boa pedida é visitar o Museu do Cais do Sertão, inaugurado em 2014 no local de antigos armazéns do Porto do Recife. As instalações trazem um pouco da cultura sertaneja para o litoral.
Logo na entrada, uma homenagem ao compositor, cantor e sanfoneiro Luiz Gonzaga. Uma enorme vitrine exibe réplicas dos gibões, chapéus e outros itens do figurino utilizado pelo Rei do Baião ao longo de sua carreira.
Antes de entrar na exposição propriamente dita, o visitante é convidado a assistir um filme projetado numa tela de 180 graus que mostra personagens e cenas cotidianas do sertão ao longo do dia, do trabalho na roça de manhã ao arrasta-pé à noite. Mostra também que a modernidade está presente no interior nordestino, como na cena em que garotos fazem manobras com skates e patins numa estrada com asfalto lisinho.
O museu reproduz a casa de um sertanejo, com uma infinidade de objetos religiosos, o fogão a lenha, as ferramentas e itens de selaria. Num corredor escuro, monitores de TVs colocados dos dois lados falam da violência, mas de forma bem humorada. A produção fictícia mostra armas de todos os tipos vendidas em feira livre, do fuzil à peixeira, e uma senhora comprando de baciada.
Ao lado, um jogo de perguntas e respostas, como aqueles da televisão, capitaneado pelo compositor Tom Zé, incita o jogador a apresentar soluções para o principal problema da região: a seca.
Brinquedos, artesanato e objetos utilizados pelos sertanejos também fazem parte da exposição, assim como as lendas que povoam não só a cultura do sertão, mas do interior do Brasil como um todo: as histórias de sacis, mulas sem cabeça e lobisomens. Num túnel cheio de espelhos e monitores de TV, o visitante ouve vozes arrepiantes, enquanto sua imagem capturada por câmeras, e reproduzida com atraso, parece persegui-lo!
Obras de arte representam a vegetação do semiárido, e grandes painéis o talento artístico da região. Há também uma réplica da vestimenta do cangaceiro Lampião. No centro de tudo, um curso d’água com peixes simboliza o grande Rio São Francisco. O museu está em 18º lugar no ranking do Tripadvisor para a América do Sul.
Ali perto, no Marco Zero do Recife, ao olhar para o mar, é possível ver o Parque das Esculturas do artista plástico Francisco Brennand, construído sobre um recife e inaugurado no ano 2000 para marcar os 500 anos do descobrimento do Brasil. O ateliê do artista, a Oficina Brennand, fica no mesmo bairro do IRB e reúne cerâmicas dele e jardins de Burle Marx. O ceramista Francisco é primo do colecionador Ricardo, fundador do IRB.
Serviço
Instituto Ricardo Brennand
Aberto de terça a domingo das 13 às 17 horas (última entrada 30 minutos antes do encerramento)
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Alameda Antônio Brennand, s/n, Várzea, Recife, PE
Tel.: +55 (81) 2121-0352 / 0365
E-mail: irb@institutoricardobrennand.org.br
Site: www.institutoricardobrennand.org.br
Museu Cais do Sertão
De quinta a domingo das 11 às 17 horas
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). As quintas a entrada é gratuita
Av. Alfredo Lisboa, antigo Armazém 10 do Porto do Recife, Recife Antigo
Tel.: +55 (81) 3089-2974
Facebook: www.facebook.com/CaisdoSertao