São Paulo – A Vale do Rio Doce vai fazer investimentos pesados para aumentar a sua produção nos próximos anos. A empresa anunciou ontem (07), em coletiva de imprensa, que pretende passar a produção de minério de ferro de 296 milhões de toneladas neste ano para 422 milhões de toneladas em 2012. A de pelotas de ferro deve sair de 43 milhões de toneladas para 71 milhões de toneladas, a de níquel passará de 248 mil toneladas para 507 mil, e a de cobre de 284 mil toneladas para 592 mil toneladas.
Também serão ampliadas as produções de alumina – de 4,3 mil toneladas para 8,2 mil – e de carvão – de 2,2 mil para 15 mil. A empresa vai investir US$ 59 bilhões nos próximos quatro anos, esperando um mercado mundial aquecido para os seus produtos, principalmente no Oriente. De acordo com o diretor-presidente da companhia, Roger Agnelli, apesar do ambiente de negócios afetado pela crise nos Estados Unidos, os mercados que estão crescendo vão continuar crescendo nos próximos anos.
“Oriente Médio, Ásia, China, Brasil, são todos mercados muito importantes para a Vale”, afirmou o executivo. Ele lembra que nestes locais e em outros, como alguns países da África, uma multidão de pessoas está entrando e entrará para o mercado de consumo nos próximos anos. Dados citados por Agnelli indicam que 1,2 bilhão de pessoas serão incluídas no mercado de consumo nos próximos dez anos, o que vai demandar investimentos de US$ 5 trilhões em infra-estrutura.
“Vai ser consumido mais minério de ferro, cobre, energia de todo tipo, haverá uma demanda maior por alimentos. Vai ser necessário mais adubo para a produção de alimentos”, afirma o presidente da Vale. De acordo com ele, os fertilizantes ajudarão a aumentar a produtividade no campo. Tanto que a Vale está fazendo uma série de investimento na área de fosfato e potássio, insumos de fertilizantes. Adquiriu no ano passado uma mina de fosfato no Peru, está pesquisando possibilidades na área em Moçambique, tem projetos em potássio no Sergipe e pesquisas na Argentina e Angola.
“Nosso foco é crescer para atender essa demanda”, disse o presidente da companhia. Agnelli lembrou também da produção de aço, que necessita de minério como matéria-prima, setor no qual o crescimento normalmente esbarra. “O Brasil cresceu e faltou aço”, disse. Ele lembrou que tanto no Brasil, quanto no Oriente Médio, Ásia e África há projetos de novas plantas siderúrgicas. Questionado sobre uma possível desaceleração do crescimento em 2009, Agnelli reforçou que mesmo que Brasil e China, por exemplo, cresçam menos, mesmo assim haverá crescimento significativo.
O presidente da Vale afirmou que é possível colocar uma linha divisória entre Ocidente e Oriente, lembrando que o maior crescimento, nos próximos anos, virá do Oriente. “O Oriente está indo muito bem, obrigado. A China pode crescer menos, mas mesmo assim terá um crescimento forte. O Oriente Médio tem trilhões e trilhões de dólares guardados no banco. Eles querem gerar empregos, garantir crescimento sustentável para as próximas gerações”, afirmou para os jornalistas. A Vale tem operações em Omã, país árabe que fica no Oriente Médio.
A Vale do Rio Doce teve resultados financeiros positivos no segundo trimestre do ano, segundo números apresentados pela empresa. Houve recorde nos embarques de minérios de ferro e pelotas, com 78,6 milhões de toneladas métricas e crescimento de 8,9% sobre o mesmo período de 2007. A receita bruta também cresceu, 3,8% para R$ 18,8 bilhões, um recorde, e o lucro operacional também foi recorde, com R$ 9,2 bilhões. A margem do Ebitda ficou em 50,2%. Os valores se referem ao balanço contábil da empresa pelas regras brasileiras.