Omar Nasser, da Fiep*
Curitiba – Um dos maiores produtores e exportadores brasileiros no segmento de base florestal, o Paraná está de olho no mercado árabe. Enquanto as vendas de compensados, madeiras serradas, portas, molduras, painéis aglomerados e em MDF do país para o Oriente Médio e Norte da África aumentaram 59,5% entre 2006 e 2007, os embarques paranaenses cresceram 68,6% no período. Há dois anos, o estado comercializou um total de US$ 22,6 milhões na região (60% das exportações brasileiras totais do segmento); no ano passado, contabilizou um faturamento de US$ 38,1 milhões (63,2% do total nacional).
Na opinião de Antônio Rubens Camilotti, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada (Abimci), a alta qualidade do produto e o bom relacionamento com os árabes favorecem o aumento das exportações não só do Paraná, mas do Brasil, para a região. Em 2006, a venda desses itens no mercado árabe rendeu ao Brasil uma receita cambial de US$ 37,8 milhões. No ano passado, o valor subiu para US$ 60,3 milhões.
Camilotti reconhece que, nos últimos anos, o Brasil perdeu mercado entre os árabes. Os produtores chineses, indianos e indonésios têm uma vantagem sobre os brasileiros: logística. Por estarem mais próximos, especialmente do Oriente Médio, suas mercadorias ficam mais baratas. E os construtores árabes, muitas vezes, contratam arquitetos europeus, que dão preferência para fabricantes de artigos em madeira que estejam mais próximos das áreas de consumo. Some-se a isso a perda cambial gerada pela desvalorização do dólar frente ao real, o que reduz a receita do exportador.
O mercado consumidor árabe, contudo, está em expansão. O crescimento da economia regional e o aumento geral da renda provocado pela alta do preço do barril do petróleo estimulam o crescimento da demanda. "De maneira geral, com exceção dos EUA, os demais mercados continuam aquecidos. Na Arábia Saudita, por exemplo, o mercado de construção de prédios comerciais e de obras de infra-estrutura está puxando a demanda", conta Luiz Carlos Reis de Toledo Barros, da Brazilian Best Woods (BBW), empresa que representa indústrias madeireiras no exterior.
Além disso, Camilotti crê que o fato de o Brasil ter uma considerável colônia árabe favorece o relacionamento comercial com o outro lado do Atlântico. Ele tem recebido muitas consultas de países da região, como o Líbano. E, se o Oriente Médio está mais distante, os países do Norte da África nem tanto, reduzindo o obstáculo oferecido pelas questões de logística. Em 2007 o Marrocos foi o maior consumidor, entre os árabes, de compensados, madeiras serradas, portas, molduras, painéis aglomerados e em MDF brasileiros: US$ 21 milhões. A Arábia Saudita veio em segundo lugar, com US$ 11,2 milhões, e os Emirados Árabes Unidos em terceiro, com US$ 10,1 milhões.
Quando se fala no setor de base florestal como um todo, os números do Paraná revelam a sua força no segmento: o Paraná exportou US$ 1,49 bilhão em 2007, dos quais US$ 1,03 bilhão só em madeira. O estado é o segundo maior exportador do País, ficando atrás, apenas, de São Paulo. Santa Catarina vem em terceiro lugar. O setor é bastante ramificado, abrangendo não só madeira e móveis, mas também papel e celulose, entre outros produtos.
Quanto aos compensados de pinus, a Abimci revela que, enquanto em 2006 o Paraná exportou US$ 324,1 milhões, em 2007 o valor foi a US$ 338,8, o que significou alta de 4,5 %. Madeira serrada de pinus ficou em segundo lugar, com US$ 131,8 milhões em 2006 e US$ 111,8 em 2007. Comparando o primeiro trimestre de 2007 e 2008, o compensado de pinus também lidera no Paraná e vem aumentando na comparação desses dois períodos. De janeiro a março de 2007, foram exportados US$ 68 milhões. Em 2008, no mesmo período, foram US$ 115,5 milhões, com alta de 70 %.
*Federação das Indústrias do Estado de São Paulo