Da redação
São Paulo – A Casa Branca pode rever, até o meio do ano, suas sanções a investimento de empresas dos Estados Unidos na área petrolífera da Líbia, impostas há 18 anos, caso Tripoli continue seu desarmamento a passos largos, informam fontes do governo ao diário árabe Khaleej Times.
Dois passos estão sendo discutidos para permitir que empresas norte-americanos voltem ao país nos próximos três ou quatro meses, mas sem grandes investimentos financeiros, disse uma das fontes.
O embargo, em vigor desde 1986, pode ser enfraquecido para permitir que empresas dos EUA façam lances em novas licitações, mas sem pagamento imediato, diz a fonte. Além disso, empresas petrolíferas que ainda têm participação em campos petrolíferos líbios podem ser permitidas a voltar a instalar equipamento no país e até mesmo a fazer testes de extração.
As fontes dizem que a decisão final foi tomada, mas que estão buscando formas de premiar a Líbia e fazer com que continue no caminho correto, mas sem abraçar o líder líbio Muammar Kadafi depressa demais.
O processo está andando bem, mas emperrou um pouco no final da semana passada quando os líbios não chegaram a um cronograma para o desarmamento de agora em diante. Isso foi descrito como parte normal de processos do gênero.
Se o progresso continuar, a administração Bush deve eliminar, ou enfraquecer significativamente sua proibição de que cidadãos dos Estados Unidos viagem à Líbia até o fim do mês. Um prêmio muito mais significante para os líbios – e também para empresas petrolíferas americanas – será a liberação da proibição a investimento. Os líbios dizem necessitar de grandes investimentos externos para poder desenvolver suas reservas petrolíferas inexploradas.
A Casa Branca insiste que as relações não serão completamente liberadas enquanto a Líbia não destruir suas armas nucleares e químicas, e também seus mísseis de alcance mais longo, mas há grande vontade de oferecer significativos prêmios a Tripoli caso continue o cronograma.
Na semana passada 27 toneladas de material usado para a criação de energia nuclear foi retirado da Líbia e levado para os Estados Unidos. Este total é supostamente apenas 5% do que o país pretende tirar nas próximas semanas, mas incluía a parte mais sensível.
Quatro empresas dos EUA têm investimentos no petróleo líbio: ConocoPhillips, de Houston (Texas), e a Marathon Oil Co., da mesma cidade, tem cada uma 16,33% do campo Waha, A empresa Amerada Hess Corp., de Nova York, tem 8,16% deste mesmo campo. Estas três empresas operam como sócias do Oasis Group, que é o sócio minoritário da empresa Libyan National Oil Co., que tem 59,16% do campo. Sozinha, a Occidental Petroleum Co., de Los Angeles, tem os direitos sobre campos no Leste da Líbia, operados pelos líbios desde que a Occidental saiu do país.
O que mais interessa na Líbia, no entanto, são suas reservas inexploradas, que também podem atrair a outras grandes empresas petrolíferas. ConocoPhillips, que fala em nome do Oasis Group, disse que continua aguardando permissão do governo para voltar a operar na Líbia.
A decisão sobre como e quando levantar as sanções contra a Líbia envolve decisões técnicas, diplomáticas, e políticas.
O governo americano também está preocupado com as emoções das famílias cujos parentes morreram na explosão do vôo 103 da Pan Am em 1988 – especialmente em um ano de eleitoral. Isso complica mais ainda este assunto devido ao fato de que a Líbia ligou mais da metade do pagamento prometido de US$ 2,7 bilhões ao cancelamento das sanções e à remoção da Líbia da lista de patrocinadores do terrorismo, previsto até maio.