Isaura Daniel, enviada especial
Brasília – Uma série de acordos entre os países árabes e sul-americanos serão assinados durante a cúpula de chefes de estado das duas regiões, que começa amanhã em Brasília. O mais aguardado é o o acordo-quadro entre o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) – bloco formado por Arábia Saudita, Kuwait, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Catar e Omã – e o Mercosul.
O diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, Mario Vilalva, disse ontem que o documento deve ser firmado até o final da reunião de chefes de estado. O acordo-quadro é a formalização do início das negociações por um tratado de preferências tarifárias, que normalmente é seguido do livre comércio.
O Mercosul já assinou acordo semelhantes com o Marrocos, no segundo semestre de 2004, e o com o Egito, na metade do mesmo ano. De acordo com Vilalva, a cúpula também será uma oportunidade para avançar nas negociações com o Egito. As discussões de produtos que terão preferências tarifárias no comércio do Brasil com o Marrocos ainda não começaram.
De acordo com o embaixador do Marrocos em Brasília, Ali Achoure, o país tem um comércio anual de US$ 589 milhões com o Brasil, dos quais US$ 241 milhões são vendas de produtos marroquinos para os brasileiros e US$ 348,9 exportações brasileiras para o país árabe. O Egito importa US$ 623 milhões em mercadorias do Brasil e vende US$ 33 milhões, o que dá uma corrente comercial de US$ 656 milhões por ano.
Argélia
Também a Argélia vai aproveitar a cúpula de paises árabes para reforçar suas relações bilaterais com o Brasil. O presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, vai assinar quatro acordos durante sua passagem pelo Brasil. Ele chega ao país hoje e fica até o final da semana. Depois da cúpula, Bouteflika viaja para São Paulo para participar de um encontro empresarial promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB) nos dias 12 e 13 no Hotel Renaissance.
De acordo com o embaixador do Brasil em Argel, Isnard Penha Brasil Júnior, serão assinados acordos na área fitossanitária e zoossanitária, transporte marítimo e vistos. Júnior explica que, no setor de transportes, a intenção é tornar o envio de produtos brasileiros para a Argélia – e vice-versa – mais direto. "Vamos regulamentar o fluxo de embarcações", afirma.
Também será suprimida a necessidade de vistos para diplomatas da Argélia e Brasil em viagens entre os dois países. A medida, que deve entrar em vigor em cinco ou seis meses, vai se estender também para profissionais em serviço para entidades ou organismos internacionais. Os outros dois acordos, na área de sanidade, estabelecerão regras de controle da produção animal e vegetal.
Depois da estadia no Brasil, o presidente da Argélia deverá continuar o giro pela América do Sul. Ele retorna ao seu país daqui a cerca de dez dias.
Sobre o GCC
Os países que formam o GCC controlam juntos 46% das reservas mundiais de petróleo. A soma dos produtos internos brutos (PIBs) dessas nações chega a US$ 436,6 bilhões. A Arábia Saudita, detentora de 25% das reservas de petróleo do mundo é a principal economia do bloco, com um PIB de US$ 240 bilhões.