São Paulo – Três empresas aéreas dos países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) crescem, em média, quase três vezes mais rápido do que suas concorrentes na Europa e Ásia, segundo reportagem do jornal The National, de Abu Dhabi. Isso indica uma tendência de mudança no centro de gravidade do setor para o Oriente Médio na próxima década, de acordo com o jornal.
Emirates e Etihad, ambas dos Emirados Árabes Unidos, e Qatar Airways, do Catar, têm uma carteira de pedidos de 550 novas aeronaves e já operam 302 aviões a partir de suas bases em Dubai, Abu Dhabi e Doha, respectivamente. As encomendas representam gastos de US$ 100 bilhões para a próxima década.
Em contraste, as empresas aéreas da Europa, mais antigas e com frotas maiores, fecham pedidos menores. Juntas, Lufthansa (Alemanha), British Airways (Reino Unido) e Air France-KLM (França e Holanda) operam 750 aeronaves e têm pedidos de 158 aeronaves para a próxima década. Na Ásia, a Singapore Airlines tem 109 aviões e 48 encomendas 48 aviões.
Enquanto o crescimento das frotas do Oriente Médio beneficia passageiros com maior número de vôos, destinos e tarifas, ele gera polêmica no setor, segundo o The National. Há especulação sobre a existência de espaço no mercado global para as três empresas do GCC.
Para o diretor da consultoria especializada em aviação JLS Consulting, John Strickland, o crescimento das empresas aéreas do Oriente Médio, principalmente da Emirates, é bom para a indústria, mas cria tensão.
"A Emirates é uma empresa imensa que está mudando os padrões de operação do setor de muitas formas, o que resulta em conflito com as aéreas européias," disse ele, de acordo com o jornal, acrescentando que os governos francês e alemão reclamam da estratégia da companhia e que seus planos para crescer no Canadá foram vetados pelo governo local.
Outra diferença é o porte das aeronaves. As aéreas do GCC têm 105 encomendas do Airbus A380, o maior avião de passageiros do mundo, sendo que só a Emirates tem 90 pedidos. "A Emirates é a cliente correta para o 380", declarou Strickland, acrescentando que os pedidos grandes permitem que a empresa negocie bons descontos com os fabricantes.
Essa aposta em aviões grandes fez com que a companhia superasse as concorrentes no que diz respeito ao número de assentos ofertados. Ela é hoje a empresa aérea com a maior quantidade de assentos. Em 2007, um estudo da consultoria Boston Consulting Group estimava que esta posição seria alcançada apenas em 2015.
Devido ao volume de compras das empresas do GCC, as fabricantes de aeronaves ampliam suas participações em eventos no mundo árabe, como a Dubai Airshow. Um exemplo do forte crescimento das aquisições é que, em 2001, o mercado norte-americano respondia por mais da metade das vendas da Boeing, sendo que as companhias do Oriente Médio compraram apenas três aviões naquele ano. Em 2007, os pedidos de empresas do Oriente Médio totalizaram 173 aeronaves, ou 12% das vendas da Boeing, enquanto a participação dos Estados Unidos caiu para 24%.
*Tradução de Mark Ament