São Paulo – Dados divulgados nesta terça-feira (09) pela Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura mostram que as exportações brasileiras do agronegócio atingiram US$ 20,57 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2012. As importações caíram 1,1% e somaram US$ 4,28 bilhões e o saldo da balança comercial do agronegócio foi de US$ 16,29 bilhões. Mesmo com o bom desempenho, analistas dizem que o Brasil perdeu a oportunidade de registrar vendas ainda melhores. Problemas logísticos, como o congestionamento de portos, causaram atrasos em embarques no País.
“Existia uma demanda internacional forte e já era esperada uma venda elevada de carnes e grãos. Mas os problemas nos portos (caminhões ficaram dias parados nas estradas à espera do momento de descarregar soja nos navios) impediu que se embarcasse toda a produção e que um resultado ainda melhor aparecesse. Demos tiro no nosso pé”, disse o analista de commodities da corretora paranaense Cerealpar, Steve Cachia. A quebra de safra de milho nos Estados Unidos fez os preços da carne subir. Por isso, o analista acredita que o complexo de carnes tenha apresentado bom resultado nas exportações. A carne bovina brasileira sofreu embargo de diversos países porque no ano passado o governo revelou que uma vaca portadora do agente causador do mal da vaca louca morreu em 2010 sem, no entanto, desenvolver a doença.
Carne foi o principal produto exportado no período. As vendas renderam US$ 3,89 bilhões, 7,7% a mais do que em 2012. Desse total, as vendas de carne de frango somaram US$ 1,81 bilhão, 2,6% mais do que em 2012, mesmo com um volume embarcado 7,9% menor do que o de 2012. A redução na quantidade foi compensada, segundo o Ministério, pelo aumento de preço do produto. A carne bovina também rendeu mais ao Brasil no primeiro trimestre. Em valores, as vendas cresceram 19,7% e chegaram a US$ 1,46 bilhão.
O complexo soja foi o segundo com maior renda para o agronegócio brasileiro. As exportações somaram US$ 3,66 bilhões. Só as vendas de grãos corresponderam a 66,3% do total, mas com uma queda de 25,1% em relação a 2012. O setor sucroalcooleiro exportou US$ 3,3 bilhões, sendo que deste total, 87,3% foram exportações de açúcar.
A China importou US$ 7,69 bilhões entre janeiro e março, ou 0,3% a menos do que no primeiro trimestre de 2012. Mesmo com esta queda, foi o principal destino das exportações do agronegócio. O país que mais contribuiu para o aumento nas exportações do Brasil no primeiro trimestre foi a Coreia do Sul, que comprou US$ 505 milhões a mais do que em 2012. As importações de milho, por exemplo, saltaram de US$ 2,62 milhões entre janeiro e março de 2012 para US$ 397 milhões no mesmo período deste ano.
Pesquisadora de macroeconomia do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA/USP), Andréia Adami também afirmou que os entraves logísticos impediram um desempenho ainda melhor das exportações. Em volumes, foram embarcadas 6,6 milhões de toneladas, 36% a menos do que em 2012. Por outro lado, observou a pesquisadora, o volume de milho embarcado saltou de 1,4 milhão de toneladas no primeiro trimestre de 2012 para 7,2 milhões de toneladas entre janeiro e março deste ano.
Estimativas
Mesmo com este desequilíbrio do começo do ano, a previsão do governo é de aumento nas exportações de soja. “A estimativa é de vender 13% a mais do que em 2012. As vendas deverão reverter a queda do começo do ano”, disse Adami.
Cachia afirmou que as vendas de milho e de soja deverão ser elevadas pelo menos durante o primeiro semestre. A partir de setembro, deverão perder competitividade devido aos embarques da safra norte-americana. Neste período, estima Cachia, deverão crescer as exportações de farelo de soja e de óleo de soja.
Cachia afirmou que mesmo com a concorrência dos produtores de milho dos Estados Unidos, o Brasil tem oportunidades para serem exploradas com esta commodity. “Países do Oriente Médio e do Norte da África têm demonstrado uma demanda muito grande pelo milho brasileiro e as vendas para estas regiões deverão crescer nos próximos anos. O Brasil deve ficar atento a esta oportunidade”, disse.