São Paulo – O azeite da Tunísia ainda não é produto frequente nas mesas dos brasileiros, mas o óleo produzido no país do Norte da África combina muito bem com pratos comuns nas casas daqui, como saladas e bacalhau. A avaliação é de Paulo Freitas, engenheiro de alimentos e consultor em azeites. O especialista apresentou uma degustação do produto árabe para importadores e jornalistas nesta sexta-feira (06), em São Paulo.
“É uma característica do azeite tunisiano ser mais delicado, o que tem uma similaridade muito grande com o gosto do brasileiro. O padrão de azeite comercializado no Brasil, em termos de volume e aceitação, é de azeites mais delicados, de intensidade mais suave. Acho que há aí uma grande oportunidade para se desenvolver o azeite tunisiano no Brasil”, apontou.
O evento desta sexta fez parte das atividades de uma delegação da Tunísia que veio ao Brasil para participar da feira da Associação Paulista de Supermercados (Apas), que terminou na quinta-feira (05). No encontro, foram degustados azeites da marca Al Jazira. Rubens Hannun, vice-presidente de Comércio Exterior da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e cônsul honorário da Tunísia, apresentou a delegação tunisiana aos participantes e deu as boas-vindas aos presentes.
“Aqui no Brasil nós temos alguns pratos já consagrados para o consumo de azeite, o principal é a salada, e o azeite tunisiano tem as características muito adequadas para esse tipo de uso. No outro extremo, em termos de intensidade, temos o bacalhau, no qual é muito habitual o uso de azeite, mas aí já pede um azeite mais intenso, que a Tunísia também produz. A característica do azeite tunisiano se encaixa muito bem para os tipos de uso que a gente tem”, destacou Freitas.
De acordo com o especialista, a Tunísia tem cerca de 80 milhões de oliveiras plantadas. Seus olivais concentram-se principalmente no centro do país, com 46% das árvores plantadas ali. No norte, estão 32% das oliveiras, e no sul, 22%. Os principais tipos de azeite produzidos pelos tunisianos são o Chemlali de Sfax e o Chétoui.
Os principais compradores de azeite da Tunísia são Itália, Espanha e Grécia. Riadh Attia, vice-gerente geral do Centro de Promoção de Exportações da Tunísia (Cepex), disse aos participantes que indiretamente os brasileiros compram azeite de seu país. “Sabemos que o consumidor brasileiro consome azeite da Tunísia sem saber, porque a Tunísia exporta azeite em barril para a Espanha, Itália e Portugal, e eles enviam com a embalagem deles para o Brasil”, afirmou.
O executivo ressaltou que o potencial de produção de azeite de seu país ainda não é muito reconhecido no Brasil e que a intenção é mudar esse quadro. “Queremos fazer uma parceria de ganhos mútuos com os empresários brasileiros”, disse. Attia lembrou ainda que, na safra de azeite 2014/2015, a Tunísia ultrapassou a Espanha e se tornou o maior exportador de azeite do mundo, com o embarque de 300 mil toneladas do produto.
Rogério Gomes da Costa, especialista em azeites da Casa Santa Luzia, loja de produtos finos, avaliou positivamente os azeites tunisianos. Para ele, um trabalho de promoção entre os consumidores brasileiros ajudaria a fazer com que o produto do país árabe fosse mais procurado por aqui.
“São azeites muito bons. Precisaria fazer um trabalho de degustação [com os consumidores], porque as pessoas estão mais acostumadas com azeites portugueses, italianos e espanhóis. Precisaria fazer um trabalho [de promoção] para ele (o azeite tunisiano) ser bem aceito”, concluiu.