São Paulo – A balança comercial brasileira registrou em março o primeiro superávit mensal de 2015. O saldo ficou positivo em US$ 458 milhões, mas tanto exportações como importações caíram em comparação com o mesmo período de 2014. No ano, o Brasil acumula déficit de US$ 5,557 bilhões, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (01) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Segundo o MDIC, o Brasil exportou em março o equivalente a US$ 16,979 bilhões, valor 16,8% inferior ao de março do ano passado. As importações somaram US$ 16,521 bilhões e foram 18,5% menores na mesma comparação. Já no acumulado do ano, as exportações atingiram US$ 42,775 bilhões, com queda de 13,7% em relação ao período de janeiro a março de 2014. Entre as importações, que somaram US$ 48,332 bilhões no primeiro trimestre, a redução foi de 13,2%.
Segundo o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o superávit da balança comercial obtido em março deve ser atribuído ao desempenho das exportações de soja, açúcar bruto e, em menor parte, petróleo. No caso das duas commodities agrícolas, houve maior embarque em março do que em fevereiro. Já o petróleo teve pequena recuperação de preço.
Castro observou que algumas empresas poderão “segurar” os embarques de soja na esperança de que o preço do produto suba um pouco nos próximos meses. “No ano passado, as empresas sabiam que o preço ia ser ruim no segundo semestre e embarcaram mais cedo”, disse.
A expectativa da AEB é que a balança comercial encerre 2015 com superávit de US$ 5 bilhões e que o País comece a registrar ganhos com as exportações a partir de julho. “Isso deverá ocorrer em razão de uma queda maior das importações, e não por aumento das exportações”, observou Castro.
Segundo o MDIC, o Brasil exportou US$ 7,525 bilhões em produtos básicos, com redução de 29,7% em comparação com março do ano passado. Entre os produtos manufaturados, a queda foi de 6,1% e o total embarcado somou US$ 6,533 bilhões. Já entre os semimanufaturados, houve expansão de 8,8% para um total de US$ 2,461 bilhões.
Entre os produtos básicos, as quedas mais significativas em comparação com março de 2014 foram registradas nos embarques de minério de ferro, soja em grão, petróleo bruto, carne bovina, carne de frango e milho em grão. Tiveram expansão as vendas de fumo em folhas e farelo de soja, entre outros.
Entre os manufaturados, as principais reduções foram nas exportações de aviões, açúcar refinado, pneumáticos, autopeças, bombas e compressores, entre outros. As maiores expansões foram nas vendas de laminados planos, suco de laranja congelado e tubos de ferro fundido.
Entre os semimanufaturados, houve crescimento nos embarques de catodos de cobre, ferro fundido e açúcar bruto, entre outros.
Queda em todos os destinos
Caíram as exportações para todos os mercados. As vendas para a África somaram US$ 728 milhões e foram 18,8% menores do que em março de 2014. Para o Oriente Médio a redução foi de 5,3%, para US$ 830 milhões. Já no acumulado do ano, as exportações só não caíram para os Estados Unidos e para o Oriente Médio. Nos dois casos, elas se mantiveram estáveis. Entre janeiro e março, o Brasil exportou US$ 2,341 bilhões aos países do Oriente Médio. No mesmo período do ano passado, haviam sido exportados US$ 2,34 bilhões.
Entre as importações em março, caíram as compras de combustíveis e lubrificantes (-28%), matérias-primas e intermediários (-18,8%), bens de capital (-16,3%) e bens de consumo (-13,7%). Caíram principalmente as importações de produtos da África e do Oriente Médio. Neste caso, a redução foi de 30,2% devido à ureia, cloreto de potássio, partes e peças de aviões, produtos químicos orgânicos, querosene de aviação e óleos combustíveis. No ano, as importações de produtos do Oriente Médio estão 40,7% menores, motivadas pela queda nas compras de petróleo bruto, querosene de aviação, alcoóis, partes e peças de aviões, produtos químicos orgânicos heterocíclicos e óleos combustíveis.